Alipe



ALIPE, padre da igreja dos Santos Apóstolos, em Constantinopla. No momento em que os imperadores Teodósio II, o Jovem, e sua irmã, Santa Pulquéria, enganados por falsos relatos sobre o concílio de Éfeso, infligiam aos Padres, sobretudo a São Cirilo, os tratamentos mais indignos e injustos, não faltaram veementes protestos. Alipe, padre da igreja dos Santos Apóstolos e um dos membros mais proeminentes do clero de Constantinopla, destacou-se em primeiro plano nesse movimento.

Temos dele, em primeiro lugar, uma carta dirigida a São Cirilo. Ela foi levada a Éfeso, sem dúvida em agosto de 431, pelo diácono Candidiano, a quem Alipe também havia encarregado de suas homenagens religiosas aos Padres confessores da fé. Nesta carta bastante breve, Alipe felicita São Cirilo por sua constância em defender a verdade e pelo sucesso de seus esforços para trazer de volta aqueles que estavam mais afastados. Assim, ele fechou a boca do dragão e derrubou o ídolo de Bel. Alipe atribui a São Cirilo a fé de Elias, o zelo de Fineias, as virtudes de Teófilo, seu tio, e, finalmente, a glória do martírio. Essa glória, observa justamente Alipe, Cirilo a conquistou por lutas semelhantes às que sustentou outrora Santo Atanásio. Assim como este último estabeleceu vitoriosamente em Niceia, contra Ário, a fé cristã sobre o Verbo por sua defesa tão obstinada quanto sábia da consubstancialidade, ὁμοούσιος, da mesma forma São Cirilo, ao sustentar firmemente em Éfeso a maternidade divina da virgem Maria, θεοτόκος, salvou a doutrina católica sobre a encarnação e sobre a união das duas naturezas na única pessoa do Verbo. Mansi, Concil., t. IV, col. 1463; Hardouin, Acta concil., t. I, col. 1614; Baronius, Annal., an. 431, n. 142-143.

Alipe também participou da generosa e nobre petição que o clero de Constantinopla entregou aos imperadores, por volta da mesma época, e que os decidiu a convocar e a ouvir os delegados dos dois partidos. Mansi, t. IV, col. 1453; Hardouin, t. I, col. 1607; Baronius, an. 431, n. 144.

Ver também Os documentos do concílio de Éfeso, os historiadores do nestorianismo, notadamente Labbe, t. III; Mansi, t. IV; Hardouin, t. I; Baronius, ad an. 431; G. Cave, Script. eccles., Oxford, 1743, t. I, p. 417; dom Ceillier, Hist. des aut. ecclés., Paris, 1861, t. VIII, p. 394; Revue augustinienne, 1904, p. 52 ss., 135 ss.

H. QUILLIET.