Alemanha



ALEMANHA (Império da)

Um primeiro artigo será dedicado ao estado religioso do império alemão; um segundo às publicações sobre as ciências sagradas; um terceiro às instituições onde se ensina a teologia católica. No segundo, ocupar-nos-emos da Áustria e das províncias alemãs do atual império austro-húngaro, para a época anterior a 1866. Seremos até mesmo levados, por vezes, pela conexão do assunto, a assinalar publicações que apareceram na Áustria, após essa data.

I. ALEMANHA (Império de), estado religioso.

I. Estatística das confissões. II. Fragmentação das confissões e fusão das confissões: vicissitudes do mapa religioso da Alemanha. III. A situação jurídica das confissões religiosas na Alemanha: os concordatas. IV. O caráter protestante do novo império. V. Divisões geográficas da Alemanha católica. VI. As missões católicas alemãs. VII. As obras sociais e caritativas dos católicos alemães. VIII. As missões protestantes alemãs. IX. As obras sociais e caritativas protestantes.

I. ESTATÍSTICA DAS CONFISSÕES.

O império alemão, em 1895, contava no total 31.026.810 protestantes, 17.674.921 católicos e 567.884 israelitas. Statistisches Jahrbuch für das deutsche Reich, p. 6, 1894, Berlim. A estatística seguinte da repartição das confissões nos grandes Estados da Alemanha permite, ao mesmo tempo, apreciar a situação confessional desses Estados e medir as vicissitudes numéricas das duas confissões rivais no decorrer do quarto de século que se escoou entre 1871 e 1895.

I. ESTATÍSTICA DOS CATÓLICOS E DOS EVANGÉLICOS

Região Católicos 1871 Católicos 1895 Evangélicos 1871 Evangélicos 1895
Prússia8.268.30110.999.59516.040.75020.351.448
Saxônia53.642140.2852.484.0753.641.670
Baviera3.464.3644.112.6231.342.5921.640.133
Württemberg553.542621.4742.148.8602.240.240
Baden942.5601.057.447491.008637.604
Hesse239.088305.895584.391694.970
Alsácia-Lorena1.234.6861.246.791271.251356.458

II. AUMENTO DOS CATÓLICOS E DOS EVANGÉLICOS

Região Aumento Numérico (Católicos) Aumento em relação a 1874 (Católicos) Aumento Numérico (Evangélicos) Aumento em relação a 1874 (Evangélicos)
Prússia2.731.20433,034.310.69826,87
Saxônia86.643161,521.127.59549,42
Baviera648.25918,06297.54122,14
Württemberg67.93212,2791.3804,25
Baden114.85712,19146.59629,85
Hesse66.80727,94110.57918,92
Alsácia-Lorena12.1050,9885.20731,44

III. MÉDIA POR 10.000 HABITANTES

Região Católicos 1871 Católicos 1895 Evangélicos 1871 Evangélicos 1895
Prússia3.3493.4536.4976.389
Saxônia2093739.7559.535
Baviera7.1237.0732.7612.823
Württemberg3.0442.9866.8676.920
Baden6.4496.1283.3593.695
Hesse2.8032.9636.8526.733
Alsácia-Lorena7.9735981.7442.172

Tomamos esta tabela do livro de M. P. Pieper, Kirchliche Statistik Deutschlands, p. 18-19, Leipzig, 1899. Nela se vê que na Prússia, na Saxônia, em Hesse, a confissão católica, no período de vinte e cinco anos cujo termo é o ano de 1895, registra mais progressos numéricos do que a confissão protestante; em contrapartida, no ducado de Baden, em Wurtemberg, na Baviera e na Alsácia-Lorena, é a confissão protestante que fez mais progressos. Observa-se que Baden, Baviera, Alsácia-Lorena, são países onde a maioria é católica, que a Prússia, a Saxônia, Hesse, são países onde a maioria é protestante: assim, já que na primeira categoria de estados são os protestantes que progridem e que, na segunda, são os católicos, podemos tirar esta conclusão, que as minorias religiosas têm um vigor e uma elasticidade de desenvolvimento que faltam às maiorias. Esta é uma regra quase geral: em cada região, a minoria religiosa aumenta, proporcionalmente, muito mais do que a maioria. Entre os grandes Estados do império, apenas Wurtemberg é exceção: os protestantes têm lá a maioria, e ali fazem, no entanto, mais progressos numéricos que os católicos. Mas se considerarmos o conjunto do império alemão (grandes e pequenos Estados reunidos), descobre-se que de 1871 a 1890, o número de católicos aumentou em 18,88% e o número de protestantes em 21,29%; esses números, que são a favor do protestantismo, ou seja, da maioria religiosa, são uma nova derrogação à regra geral que acabamos de enunciar. Nada mais delicado, aliás, do que essas questões de estatística e as induções que se esforçam para tirar delas: geralmente, são fenômenos alheios à vida religiosa — fenômenos políticos, comerciais, econômicos — que contribuem para modificar a força respectiva e a situação recíproca das confissões.

II. FRAGMENTAÇÃO DAS CONFISSÕES E FUSÃO DAS CONFISSÕES: VICISSITUDES DO MAPA RELIGIOSO DA ALEMANHA.

Lancemos um olhar, de fato, sobre a estatística das conversões individuais. A conversão, eis o fato essencialmente religioso que enriquece uma confissão e empobrece a confissão vizinha; ela representa o fator religioso, entre as múltiplas influências que modificam o mapa religioso de um país. Na Prússia (e entendemos por esta palavra todo o conjunto do reino), houve, de 1893 a 1897, 16.496 católicos que passaram ao protestantismo e 1.647 protestantes que passaram ao catolicismo. Na Saxônia, de 1889 a 1897, 1.330 católicos passaram ao protestantismo, 359 protestantes ao catolicismo. Em Wurtemberg, de 1889 a 1897, 403 católicos passaram ao protestantismo, 452 protestantes ao catolicismo. Em Baden, no ano de 1897, 53 católicos se tornaram protestantes, 18 protestantes se tornaram católicos. Nos distritos renanos da Baviera, de 1889 a 1897, o protestantismo conquistou 714 católicos e o catolicismo conquistou 1.128 protestantes; e no conjunto do reino da Baviera, de 1880 a 1897, o catolicismo ganhou 1.912 almas sobre o protestantismo e deixou que este levasse 1.184. Todos esses números, em suma, são bastante medíocres: nem de um lado nem de outro, pode-se falar, em nenhuma região, de um movimento de conversões; há simplesmente casos individuais, cujo total, dependendo do país, honra mais os protestantes ou os católicos.

Uma segunda influência — meio religiosa, meio social — que exerce uma repercussão mais importante no desenvolvimento numérico das confissões, é a dos casamentos mistos. Eles são numerosos no império; e é, para as duas confissões, uma questão muito importante, a da educação dos filhos resultantes de casamentos mistos. Na Prússia, em 1895, de quase 600.000 crianças resultantes de casamentos mistos, a confissão protestante possuía 68.299 a mais que a confissão católica. Em Baden, os casamentos mistos beneficiam a confissão protestante: de acordo com o censo de 1890, 10.275 crianças de casamentos mistos eram protestantes, e apenas 8.674 católicas. Em Hesse, dois terços das crianças de casamentos mistos, de acordo com o censo de 1885, eram protestantes; Prússia, Baden e Hesse reunidas têm cerca de 340.000 casamentos mistos, e o número de crianças protestantes nascidas desses casamentos excede em 81.600 o das crianças católicas. Quanto à Saxônia, Baviera e Wurtemberg, as estatísticas são, a esse respeito, insuficientes; mas parece que, no geral, nos dois primeiros Estados, os casamentos mistos beneficiam o protestantismo, e que, em Wurtemberg, o catolicismo se beneficiaria ligeiramente: esta é, pelo menos, a impressão do Sr. Pastor Schneider, Kirchliches Jahrbuch auf das Jahr 1900, p. 153. Ver sobre a questão dos casamentos mistos, além das obras citadas de Srs. Pieper e Schneider: Braasch, Das Conto zwischen der evangelischen und katholischen Kirche auf dem Gebiet der Mischehen in Deutschland, Jena, 1883.

A imigração, em terceiro lugar, exerce uma real influência na situação confessional dos diversos Estados da Alemanha. Munique, Colônia, Friburgo na Brisgóvia eram no início do século cidades puramente católicas; elas contam respectivamente, hoje, 48.000, 34.000 e 13.000 protestantes. Berlim, antes, era uma cidade exclusivamente protestante: ela conta agora quase 100.000 católicos. Os Estados hereditários da Saxônia foram por muito tempo exclusivamente protestantes; contava-se ali, em 1887, 57.000 católicos. É a lei sobre a livre circulação no império, [Freizügigkeit], que, desde o dia seguinte à unidade alemã, permitiu e provocou essas trocas de populações e levou à desagregação dos antigos núcleos confessionais homogêneos. Além disso, em certas regiões, Alsácia por um lado, Polônia prussiana por outro, a Prússia protestante introduziu sistematicamente elementos protestantes; a Liga Evangélica, a Associação de Gustavo-Adolfo, em nome dos interesses comuns do protestantismo e do germanismo, secundaram essa imigração; e foi assim que as combinações da política, não menos que os êxodos espontâneos de camponeses ou operários, contribuíram para uma certa mistura das confissões nas próprias regiões onde, desde a Reforma, uma ou outra confissão era quase que exclusivamente senhora do terreno.

Ver a esse respeito: Rebensburg, Festschrift zur Einweihung der evangelischen Christuskirche in Koln, Colônia, 1894; Rogge, Die Zunahme des Katholicismus in der Provinz Brandenburg, Leipzig, 1893; Riedel, Katholisches Leben in der Mark Brandenburg, Berlim, 1894; Scheuffler, Der Besitzstand des Katholicismus in Sachsen, 1815 und 1888, Neusalza, 1889; Hermens, Die gemeinsame Gefahr der evangelischen Kirche und der deutschen Nationalitat in der Diaspora der deutschen Grenzmarken, Leipzig, 1895; Blondel, Les populations rurales de l'Allemagne, Paris, 1898; Goyau, L’Allemagne religieuse, Paris, 1898.

É por esses três fatos: conversões individuais, casamentos mistos, deslocamentos das populações, que se explicam as diferenças ocorridas no século XIX na situação confessional da Alemanha. Dois mapas nos pareceram necessários para medir o alcance desse fenômeno: o primeiro nos mostra as divisões religiosas da Alemanha em 1555; o segundo nos mostra as divisões religiosas da Alemanha na época contemporânea.

III. A SITUAÇÃO JURÍDICA DAS CONFISSÕES RELIGIOSAS NA ALEMANHA: OS CONCORDATAS.

De 1555 a 1750, formaram-se definitivamente os núcleos religiosos, pequenos ou grandes, que a Alemanha unificada por Napoleão I, e depois por Bismarck, pouco a pouco esmagou uns contra os outros. A paz de Augsburg, de 1555, garantia aos soberanos ou às cidades livres o direito de professar a religião que lhes aprouvesse: os súditos nos Estados soberanos ou nos senhorios, os cidadãos nas cidades livres, tiveram então sua consciência acorrentada pela religião do príncipe, do senhor ou da cidade. Ora, esta antiga Alemanha era um mosaico de inumeráveis soberanias; e essas soberanias, frequentemente, encravavam-se umas nas outras; daí a justaposição, muito frequente no século XVIII, de aldeias exclusivamente protestantes e de aldeias exclusivamente católicas, onde se encontram, ainda hoje, maiorias protestantes ou maiorias católicas. O estado confessional de tal aldeia alemã subsiste hoje como o índice indelével da opção feita outrora entre as duas confissões pelo pequeno senhor cujo acaso o havia tornado o mestre dessa aldeia. Assim, o parcelamento político da velha Alemanha teve consequências religiosas duradouras: se o grão-ducado de Baden, atualmente, é infinitamente dividido do ponto de vista religioso, é porque os territórios que o compõem pertenciam, há cento e cinquenta anos, aos mais diversos possuidores: casa da Áustria, católica; marqueses de Baden-Durlach, protestantes; marqueses de Baden-Baden e eleitores Palatinos, incessantemente oscilando entre as duas confissões, etc. Do mesmo modo, na Prússia oriental, o antigo domínio do bispo de Ermeland permaneceu católico, no meio das terras do ducado de Prússia, tornadas protestantes por Alberto de Brandemburgo.

Quando a Revolução Francesa e o Primeiro Império levaram a uma remodelação do mapa da Alemanha, a situação religiosa do país preocupou imediatamente os diplomatas. A dieta de Ratisbona, em 25 de fevereiro de 1803, decidiu que os pedaços de territórios que, pelo efeito das mudanças políticas, passassem para as mãos de um soberano de outra confissão, deveriam ser respeitados em sua fé; era doravante permitido, aliás, a todo soberano alemão, introduzir a liberdade de consciência em seus Estados. Foi o fim do princípio: Cujus regio, ejus religio, que, desde 1555, entregava a Alemanha religiosa ao arbítrio dos chefes de Estado ou dos pequenos senhores.

O congresso de Viena, de 1815, consagrou as numerosas secularizações de bispados que haviam subtraído aos poderes eclesiásticos do Império toda propriedade territorial: o papa protestou, em princípio; mas concordatas concluídas progressivamente pelo papa com os Estados alemães proveram à dotação dos bispados despojados e regulamentaram novamente as divisões diocesanas da Alemanha. O papa tratou primeiro com a Baviera, em 5 de junho de 1817; depois com a Prússia (bula De salute animarum, de 16 de junho de 1821); depois com Hanôver (bula Impensa Romanorum pontificum, de 26 de março de 1824); finalmente as bulas Provida solersque, de 16 de agosto de 1821, e Ad dominici gregis custodiam, de 11 de abril de 1827, que regulavam a situação religiosa de Baden, Wurtemberg e Hesses, foram, de 1827 a 1829, sucessivamente aceitas por esses diversos Estados. Tais foram, em suas grandes linhas, as bases da nova ordem político-religiosa da Alemanha. Ver, para mais detalhes, o artigo CONCORDATA.

Há um certo número de pequenos Estados onde a liberdade religiosa dos católicos foi por muito tempo negociada ou recusada pelas autoridades protestantes; e apesar do estabelecimento da unidade do Império em 1871, o ducado de Brunswick e os dois Mecklemburgos podem ser citados como impondo, ainda hoje, à livre prática do catolicismo, muitos entraves legais absolutamente arcaicos, — e perfeitamente distintos das medidas de desconfiança e vexação que subsistem ainda em outros Estados, em Baden por exemplo, como uma sobrevivência do Kulturkampf.

Ver a este respeito: Vering, Lehrbuch des Kirchenrechts, Friburgo, 1893; Brück, Geschichle der katholischen Kirche in Deutschland im XIX Jahrhundert, 3 vol., Mogúncia, 1887-1896; Jul. Bachem, Preussen und die katholische Kirche, Colônia, 1887; Seydel, Bayerisches Kirchenstaatsrecht, Friburgo, 1892; Heiner, Badische Gesetze die katholische Kirche betreffend, Friburgo, 1890; Golther, Der Staat und die katholische Kirche im Kén. Wiirtemberg, Stuttgart, 1874; Lesker, Aus Mecklenburg’s Vergangenheit, Ratisbona, 1880, e a brochura: Dus Verhdltmiss des Staates zur katholischen Kirche im Herzogthum Braunschweig, Frankfurt, 1891.

IV. O CARÁTER PROTESTANTE DO NOVO IMPÉRIO.

Se, remontando ao final do século XVIII, considerarmos o aspecto religioso desta vasta aglomeração de territórios que se chamava então Império e que tinha Viena por metrópole, e se compararmos, do mesmo ponto de vista, o império alemão de hoje, cuja capital é Berlim, o caráter claramente protestante da potência política que é a Alemanha contemporânea nos aparecerá em todo o seu relevo. O partido do Centro, sem dúvida, defensor dos interesses católicos, possui no Reichstag uma influência sempre crescente; Bismarck e o imperador Guilherme II acabaram por varrer quase todos os entraves que o Kulturkampf havia imposto, na Prússia ou no império, ao livre exercício do catolicismo; e quando o imperador, em 1898, fez sua retumbante viagem a Jerusalém, ele deu aos católicos, com uma generosidade um tanto barulhenta, o terreno da Dormição da Virgem. Apesar de tudo, germanismo e protestantismo permanecem forças solidárias; é protestantizando a Alsácia e a Posnânia que se espera germanizá-las; as sociedades protestantes que se ocupam da difusão ou da conservação da fé de Lutero nos países católicos do império são muito protegidas pelo poder central; a viagem de Guilherme II a Jerusalém foi saudada pela opinião protestante alemã, como um novo triunfo de Lutero, conquistado aos pés do próprio Calvário; e quando, em 1881, o abade Majunke, em uma brochura que fez barulho, denunciou a unidade alemã como uma apropriação do protestantismo sobre a Europa central e sobre a ideia do Sacro Império, Majunke foi um profeta, que os fatos justificaram.

Ver em particular Majunke, Das evangelische Kaisertum, Berlim, 1881; dois artigos da Quinzaine, um anônimo, de 15 de janeiro de 1899, sobre a viagem de Guilherme II na Alemanha e os interesses protestantes, o outro de M. Carl Miirr, de 15 de fevereiro de 1900, intitulado: Un nouveau Saint-Empire; Lamy, La France du Levant, Paris, 1900; Pinon e de Marcillac, La Chine qui s’ouvre, c. II, Paris, 1900.

V. DIVISÕES GEOGRÁFICAS DA ALEMANHA CATÓLICA.

A tabela abaixo permite dar-se conta das divisões geográficas da Alemanha católica e dos recursos atuais de cada diocese. Compusemos de acordo com as indicações do Taschenkalender fiir den katholischen Klerus que o P. Eubel acaba de publicar para 1900, Munique, Abt.

A. REINO DA PRÚSSIA.

I. PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE COLÔNIA.

1° Colônia (arcebispado): 2.062.612 católicos; 854.742 protestantes; 48 decanatos; 858 paróquias; 707 capelas; 1.724 sacerdotes seculares; cerca de 100 regulares.

2° Tréveris (bispado): 1.050.000 católicos; 387.000 não-católicos; 46 decanatos; 743 paróquias; 150 vicariatos e capelas; 813 sacerdotes seculares; 36 regulares.

3° Münster (bispado): 1.005.839 católicos; 510.526 não-católicos; 21 decanatos; 372 paróquias; 629 vicariatos e capelas; 1.144 sacerdotes seculares; 56 regulares.

4° Paderborn (bispado): 1.070.000 católicos; 6.000.000 não-católicos; 46 decanatos; 475 paróquias ordinárias; 19 paróquias de missões; 124 vicariatos e capelas; 1.200 sacerdotes seculares; 45 regulares.

II. PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE POSNÂNIA.

1° Posnânia (arcebispado ao qual está ligado o arquidiocese de Gniezno): 839.259 católicos na arquidiocese de Posnânia e 388.337 na de Gniezno; 42 decanatos; 548 paróquias; 668 sacerdotes seculares.

2° Chełmno (bispado, cuja sede é em Pelplin): 707.149 católicos; 700.000 não-católicos; 27 decanatos; 259 paróquias; 387 sacerdotes seculares.

III. DIOCESE DE BRESLÁVIA.

Breslávia (bispado diretamente dependente da Santa Sé) (inclui a Delegatura de Brandemburgo e Pomerânia): 2.520.000 católicos; 8.500.000 não-católicos; 85 arciprestados; 836 paróquias e vicariatos; 189 locais de culto não atendidos; 1.133 sacerdotes seculares; 31 regulares.

IV. DIOCESE DE ERMELAND.

Frauenburg (bispado diretamente dependente da Santa Sé): 321.000 católicos; 2 milhões de não-católicos; 16 decanatos; 149 paróquias; 289 sacerdotes seculares.

V. DIOCESE DE HILDESHEIM.

Hildesheim (bispado diretamente dependente da Santa Sé): 129.000 católicos; 1.474.000 não-católicos; 15 decanatos; 86 paróquias; 98 vicariatos ou capelas; 189 sacerdotes seculares; 7 regulares.

VI. DIOCESE DE OSNABRÜCK.

Osnabrück (bispado diretamente dependente da Santa Sé): 172.060 católicos; 472.483 não-católicos; 10 decanatos, 96 paróquias; 138 vicariatos ou capelas; 230 sacerdotes seculares; 3 regulares. (O bispo de Osnabrück administra a prefeitura eclesiástica de Schleswig: 21.800 católicos, 119.565 não-católicos; 41 paróquias; 13 locais de missão; 16 sacerdotes seculares.)

VII. DIOCESE DE FULDA.

Fulda (bispado sufragâneo da província eclesiástica de Friburgo-em-Brisgóvia): 159.256 católicos; 620.000 não-católicos; 15 decanatos; 153 paróquias ou cargos; 170 sacerdotes seculares; 14 regulares.

VIII. DIOCESE DE LIMBURG.

Limburg (bispado sufragâneo da província eclesiástica de Friburgo-em-Brisgóvia): 350.000 católicos; 560.000 não-católicos; 15 decanatos; 169 paróquias; 111 vicariatos ou capelas; 315 sacerdotes seculares; 25 regulares.

B. REINO DA BAVIERA.

I. PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE MUNIQUE.

1° Munique (arcebispado): 914.000 católicos; 80.000 não-católicos; 2 comissariados urbanos; 36 decanatos; 399 paróquias; 10.114 vicariatos ou capelas; 1.080 sacerdotes seculares; 140 regulares.

2° Augsburgo (bispado): 752.000 católicos; 100.000 não-católicos; 40 decanatos; 910 paróquias; 457 capelas; 1.202 sacerdotes seculares; 78 regulares.

3° Ratisbona (bispado): 802.563 católicos; 50.000 não-católicos; 3 comissariados urbanos; 29 decanatos; 467 paróquias; 644 vicariatos ou capelas; 1.007 sacerdotes seculares; 125 regulares.

4° Passau (bispado): 336.500 católicos; 2.000 não-católicos; 1 comissariado urbano; 18 decanatos; 198 paróquias; 221 vicariatos ou capelas; 475 sacerdotes seculares; 54 regulares.

II. PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE BAMBERG.

1° Bamberg (arcebispado): 349.000 católicos; 725.000 não-católicos; 1 comissariado urbano; 20 decanatos; 193 paróquias; 182 vicariatos ou capelas; 386 sacerdotes seculares; 17 regulares.

2° Würzburg (bispado): 510.391 católicos; 120.000 não-católicos; 30 decanatos; 459 paróquias; 279 vicariatos ou capelas; 703 sacerdotes seculares; 88 regulares.

3° Eichstätt (bispado): 181.215 católicos; 63.000 não-católicos; 17 decanatos; 207 paróquias; 139 vicariatos ou capelas; 344 sacerdotes seculares; 27 regulares.

4° Speyer (bispado): 358.314 católicos; 400.000 não-católicos; 12 decanatos; 224 paróquias; 92 vicariatos ou capelas; 357 sacerdotes seculares; 5 regulares.

C. WURTEMBERG.

DIOCESE DE ROTTENBURG.

Rottenburg (bispado, sufragâneo do arcebispado de Friburgo-em-Brisgóvia): 620.471 católicos; 1.460.680 não-católicos; 29 decanatos; 695 paróquias; 291 vicariatos ou capelas; 1.057 sacerdotes seculares.

D. BADE.

PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE FRIBURGO-EM-BRISGÓVIA.

Friburgo-em-Brisgóvia (arcebispado): 1.030.000 católicos (dos quais 65.000 em Hohenzollern); 485.000 não-católicos; 39 decanatos; 838 paróquias; 383 capelas ou vicariatos; 1.100 sacerdotes seculares; 29 regulares.

E. HESSE.

DIOCESE DE MOGÚNCIA.

Mogúncia (bispado, sufragâneo de Friburgo-em-Brisgóvia): 293.651 católicos; 695.774 não-católicos; 19 decanatos; 162 paróquias; 12 vicariatos; 310 sacerdotes seculares, 11 regulares.

F. SAXE.

1° Vicariato apostólico da Saxônia: 105.117 católicos; 3.369.352 não-católicos; 47 sacerdotes seculares.

2° Prefeitura apostólica de Meissen-Lusácia: 34.900 católicos; 383.900 não-católicos; 37 sacerdotes seculares; 9 regulares.

G. PEQUENOS ESTADOS PROTESTANTES DO NORTE (Hamburgo, Bremen, Lübeck, Oldenburg, Lauenburg, Mecklenburg, Schaumburg, Lippe).

Vicariato apostólico das Missões do Norte (administrado pelo bispo de Osnabrück): 34.500 católicos; 4.605.400 não-católicos; 16 paróquias; 10 capelas de missões; 31 sacerdotes seculares.

H. ALSÁCIA-LORENA.

I. DIOCESE DE ESTRASBURGO.

Estrasburgo (bispado, diretamente dependente da Santa Sé): 790.792 católicos; 295.747 não-católicos; 57 decanatos; 705 paróquias; 220 vicariatos; 1.183 sacerdotes seculares; 25 regulares.

II. DIOCESE DE METZ.

Metz (bispado, diretamente dependente da Santa Sé): 450.000 católicos; 60.000 não-católicos; 4 arquidiaconatos; 33 decanatos; 797 paróquias; 800 sacerdotes seculares; 10 regulares.

Encontra-se no Schematismus der Römisch-katholischen Kirche des Deutschen Reiches (Friburgo, 1888) a lista de todas as paróquias, capelas e conventos católicos do império.

VI. AS MISSÕES CATÓLICAS ALEMÃS.

A Alemanha católica permanece muito abaixo da França no que concerne às missões em países estrangeiros. Avalia-se em 1.000 religiosos e 364 religiosas os sujeitos de nacionalidade alemã que levam além-mar sua dedicação de missionários; os católicos franceses, que são duas vezes mais numerosos que os católicos alemães, enviam às missões 7 vezes mais missionários e 17 vezes mais religiosas. A Alemanha doa anualmente, para as missões, 1.826.166 francos, ou seja, apenas um terço da soma que doam os católicos franceses, que se eleva a 6.047.231 francos. Mas, nos últimos anos, as missões católicas alemãs fizeram notáveis progressos; e a Alemanha católica parece aspirar a tornar-se, a esse respeito, a emuladora da França. A obra da Propagação da Fé foi introduzida na Alemanha em 1839; em 1898, os católicos de além-Reno contribuíam com 398.079 francos; e como, por outro lado, o conselho central, sediado em Paris, alocava às dioceses alemãs, para a defesa ou difusão do catolicismo entre as populações protestantes do império, uma soma de 142.000 francos, a Alemanha doava à Propagação, em definitivo, para a evangelização estrangeira, 256.079 francos. A Obra da Santa Infância, em 1898-1899, arrecadou no império (com dedução da Alsácia-Lorena) a soma de 948.427 francos; é apenas por pouco que esta obra, francesa de origem, arrecada mais na França. Ao lado destas duas grandes organizações, às quais a Alemanha se abriu, é preciso mencionar as obras de missões de origem puramente alemã.

O Ludwigs-Missionsverein está em primeiro lugar: fundada na Baviera, sob os auspícios do rei Luís I, esta associação tem por máxima manter sobretudo missionários e institutos alemães; ela dá voluntariamente uma destinação nacional às esmolas que obtém para a propaganda católica; suas receitas, em 1896, eram de 527.594 marcos, e suas despesas de 166.492 marcos, dos quais 50.000 apenas para as missões da América. Assim como o Ludwigs-Missionsverein havia sido, na origem, apenas um ramo da Propagação da Fé, da mesma forma o Afrikaverein, que provê às missões da África, não deveria ser, na origem, senão um ramo de nossa sociedade antiescravagista; mas o Sr. Schmitz, o falecido coadjutor de Colônia, reclamou para o Afrikaverein uma autonomia toda germânica; e esta associação, que arrecada anualmente mais de 140.000 francos, mantém na África missionários exclusivamente alemães. Associações menos importantes existem em Tréveris em favor dos Padres Brancos da Alemanha, em Colônia em favor dos Padres do Espírito Santo da Alemanha; a primeira, em 1898, tinha 16.000 francos de receitas; a segunda, 20.707 francos. Finalmente, a Associação da Terra Santa, fundada em 1894, sob o patrocínio do arcebispo de Colônia, pela fusão da Associação do Santo Sepulcro e da Associação da Palestina, parece chamada a destinos muito elevados: a cada ano, em seus congressos, ela provoca um movimento do patriotismo alemão contra as antigas prerrogativas devolvidas à França nos lugares santos e solenemente ratificadas por Leão XIII; e a viagem de Guilherme II à Palestina em 1898 inspirou aos membros da Associação da Terra Santa as mais vastas esperanças: esta associação arrecadou, em 1898, dedução feita das intenções de missas, a soma de 215.888 francos; ela se propõe a construir no terreno da Dormição da Virgem uma igreja monumental e a multiplicar, na Palestina, os hospitais e escolas que, até agora, não ultrapassaram o número de três. Em resumo, o movimento das missões católicas, na Alemanha contemporânea, distingue-se por um certo espírito de exclusivismo nacional.

Entre os padres e religiosos alemães que se dedicam às missões, os jesuítas são os mais numerosos: as missões de Bombaim, do Brasil, do Zambeze e da América do Norte ocupam 489 deles. Os Padres do Espírito Santo, de Paris, têm, desde 1896, uma casa alemã em Knechtsteden, na Prússia Renana: eles tinham nas missões, em 1898, 121 sujeitos alemães; Zanzibar é seu principal terreno. Os Padres Brancos, da Argélia, têm, desde 1894, uma casa em Tréveris, e um anexo em Marienthal para a formação de seus irmãos coadjutores: até hoje, a Alemanha deu à sua sociedade 48 sujeitos, que vivem no Nyanza meridional, Unyanyembé e Tanganyika. Os Oblatos de Maria, cuja casa-mãe é em Paris, possuem na Alemanha, desde 1894, um importante ramo: eles têm 65 religiosos alemães na África alemã do sudoeste. Os missionários do Sagrado Coração, de Issoudun, fundaram em Hiltrup, em 1898, uma casa alemã; eles têm 40 sujeitos na missão da Nova Pomerânia (arquipélago de Bismarck). Juntem-se a eles 10 trapistas alemães na África Oriental Alemã, 28 religiosos Palotinos, cuja casa-mãe é em Roma, e que trabalham nos Camarões, uma centena de franciscanos na Terra Santa e no Brasil; e teremos, assim, encerrado o balanço das congregações de missionários que recrutam boas vontades na Alemanha sem serem elas mesmas de origem alemã.

Mas existe uma segunda categoria de missionários, cujas casas-mães são puramente alemãs; os beneditinos de Saint-Ottilien da Baviera, que fundaram, em 1888, a missão do Zanzibar meridional, e que lá mantêm 92 religiosos; os Irmãos Alexianos, de Aachen, que são em número de 83 nas quatro casas da América onde se dedicam ao cuidado dos doentes e dos alienados, e sobretudo os religiosos da sociedade do Verbo Divino, fundada em Steyl, na Holanda, em 1875, por Arnold Janssen. Esta sociedade aspira a ser para a Alemanha o que é para nós, há dois séculos, o seminário das missões estrangeiras; em menos de vinte e cinco anos, ela atingiu o número de 700 religiosos e de quase 1.000 alunos; ela tem dois colégios para os estudos secundários, em Steyl e em Neuland (Silésia); um noviciado em Saint-Gabriel, perto de Mödling (Áustria), e um estabelecimento de estudos superiores em Roma, sob o nome de colégio de Saint-Raphaël; ela fundou sucessivamente: em 1881, a missão do Shandong meridional; em 1889, uma missão na República Argentina; em 1892, a do Togo, na África; em 1893, a do Equador; em 1895, as do Brasil e dos Estados Unidos; em 1896, a da Terra de Guilherme (Oceania). É a missão da China que é a mais importante, ela conta 34 padres e 9 irmãos coadjutores distribuídos em 7 decanatos. A fundação desta sociedade é um dos principais episódios deste movimento que impulsionou o catolicismo germânico, no último quarto de século, a se colocar a serviço do germanismo. Observemos finalmente que algumas destas sociedades de missionários estabeleceram, muito perto delas, agrupamentos de religiosas; ao lado da sociedade de Steyl, há, nas missões, 23 "servas do Espírito Santo"; ao lado dos Padres do Sagrado Coração, 14 religiosas alemãs do Sagrado Coração; ao lado dos Padres Brancos, 60 irmãs brancas alemãs criadas em Kouba, na Argélia; ao lado dos beneditinos de Saint-Ottilien, as beneditinas, que são em número de 70 em Saint-Ottilien e 14 na África; ao lado dos Palotinos, 16 Palotinas nos Camarões. Mas as duas sociedades de religiosas missionárias mais florescentes da Alemanha são, por um lado, as irmãs de São Carlos Borromeu, que têm sua casa-mãe em Trebnitz, na Silésia, e são um ramo destacado da congregação de Nancy; e, por outro lado, as "irmãs de caridade, filhas da bem-aventurada Virgem Maria da Imaculada Conceição", que têm sua casa-mãe em Paderborn e foram fundadas em 1849 por Madre de Mallinckrodt: as primeiras tinham, em 1898, 539 professas e 202 noviças e ocupavam dois conventos no Egito e três na Palestina; as segundas são em torno de mil na América do Norte.

Ao lado das obras de missões fundadas pelos católicos alemães para a conversão dos infiéis, é preciso citar a poderosa associação que eles criaram para a manutenção ou difusão da fé católica nas regiões quase exclusivamente protestantes do império, chamadas regiões de Diáspora. O Bonifaciusverein (tal é o nome desta associação) distribui a cada ano mais de um milhão de marcos às pequenas comunidades católicas disseminadas nessas regiões.

Neher, Der Missionsverein oder das Werk der Glaubensverbreitung, Friburgo, 1894; Hollerl, Kloster-Schematismus für das deutsche Reich und Oesterreich-Ungarn, Paderborn, 3ª ed., 1899; Kannengieser, Les missions catholiques: France et Allemagne, Paris, 1900; obra essencial, que é o resumo de inquéritos minuciosos, e que realça muito bem a maneira diferente pela qual o catolicismo francês e o catolicismo alemão concebem e praticam as missões. No que diz respeito às missões da China: René Pinon e Jean de Marcillac, La Chine qui s’ouvre, Paris, 1900.

VII. AS OBRAS SOCIAIS E CARITATIVAS DOS CATÓLICOS ALEMÃES.

Os católicos alemães, desde 1848, realizam anualmente um congresso onde são discutidos seus interesses e preparadas suas reivindicações políticas; a sequência dos relatórios desses congressos forma, há meio século, a história viva dos católicos alemães. Windthorst, o líder do Centro, os organizou, no final de sua vida, em um poderoso agrupamento permanente chamado Volksverein. Esta associação, a cada ano, apresenta um relatório geral de sua atividade em uma sessão geral que coincide com o congresso anual dos católicos alemães. O relatório mais recente, apresentado em Neisse em 30 de agosto de 1899, assinala em termos tão precisos os desenvolvimentos e os resultados do Volksverein, que nos basta resumi-lo. Nos termos deste relatório, o Volksverein, no final de 1898, contava 186.662 membros, dos quais 62.029 na Prússia Renana, 34.208 na Vestfália, 18.289 na Baviera, 22.052 em Wurtemberg e 10.654 em Baden: é, portanto, sobretudo na região de Colônia, berço desta associação, que seu florescimento é mais notável. O Volksverein, ao longo de 1898, realizou cerca de 500 reuniões públicas católicas nas diversas cidades da Alemanha. Ele distribuiu, durante esses doze meses, 6.629.000 impressos, entre outros o jornal Volksverein, enviado gratuitamente oito vezes ao ano a todos os membros da associação; 18 brochuras de ordem social ou política, espalhadas no número de 4.929.000 exemplares; e certas obras do abade Hitze ou certos comentários das novas leis sociais, em alguns milhares de exemplares. Ele enviou uma "correspondência social" a 250 jornais católicos: ela atingiu, ao final do ano, o número de 62 artigos, dos quais 15 foram dedicados à nova lei sobre os ofícios. Tomou a iniciativa, em Wurtemberg, de instituir advogados para os camponeses, para os artesãos e para os operários, uma espécie de conselhos judiciais capazes de esclarecê-los sobre seus interesses e de guiar seus ensaios de agrupamentos.

Ao Volksverein se ligam diversas instituições destinadas à cultura do senso social e à extensão dos conhecimentos sociológicos nas esferas eclesiásticas e populares: cursos "práticos-sociais" destinados especialmente aos clérigos e aos leigos instruídos, e que reúnem anualmente, durante quatro a cinco dias, auditórios cada vez mais consideráveis (em 1898, o curso "social-prático" ocorreu em Estrasburgo e foi frequentado por 1.750 ouvintes); biblioteca "científica social" estabelecida em München-Gladbach (em 1898, ela fez 3.500 novas aquisições e emprestou aos membros do Volksverein 3.016 obras); secretariados do povo (Volksbureaux), que eram, em 1898, em número de 24; escritório social de informações (Soziale Auskunftsstelle) instalado em München-Gladbach, centralizando e espalhando todas as informações necessárias sobre as questões legislativas, filantrópicas e sociais.

Ao lado do Volksverein, que é, ao mesmo tempo, um elo e um estímulo para as iniciativas políticas e sociais dos católicos alemães, fundou-se em Friburgo-em-Brisgóvia, em 1897, um Charitas-Verband para a Alemanha católica. É uma espécie de escritório central de todas as instituições caritativas e filantrópicas fundadas pelos católicos da Alemanha. A revista mensal Charitas, publicada pela livraria Herder sob os cuidados do Sr. Abade Werthmann, é o órgão desta instituição. Há quatro anos, esta revista se ocupa de fazer o balanço da caridade católica alemã. Munique é a cidade mais caridosa da Alemanha, ela conta 1.155 religiosos e religiosas, ou seja, 1 religioso ou religiosa para 305 habitantes. Charitas, t. 1, p. 6-8. A diocese de Colônia conta 1.184 instituições de caridade católica, a maioria datando dos últimos 50 anos. Ver Brandts, Die katholische Wohlthätigkeits-anstalten und Vereine, sowie das katholisch-soziale Vereinswesen, insbesondere in der Erzdiozese Köln, Colônia, 1897. A estatística das obras de caridade foi sucessivamente elaborada, na revista Charitas, para as dioceses de Münster (t. II, p. 23-25), de Würzburg (t. II, p. 240-242); ela será em breve concluída para todo o império. A celebração do quinquagésimo aniversário da fundação do hospital católico de Santa Edviges em Berlim e a celebração do quinquagésimo aniversário do estabelecimento das irmãs de São Vicente de Paulo no grão-ducado de Baden deram lugar, em 1896, a um vivo movimento de simpatia pela caridade católica, que se repercutiu até nas esferas políticas: de 1846 a 1896, o hospital católico de Berlim recebeu 147.108 doentes, Charitas, t. I, p. 224-225; e as irmãs de São Vicente de Paulo cuidam neste momento dos doentes em 61 localidades de Baden. Charitas, t. II, p. 55-57.

O que caracteriza a ação social do catolicismo na Alemanha é a parte imediata e direta que o clero nela assume. É, na maioria das vezes, o pároco rural que organiza ou propaga em sua aldeia, para lutar contra a usura, a preciosa instituição das Associações de camponeses (Bauernvereine); os Bauernvereine renano, vestfaliano, bávaro, hessense, badense, são devidos a iniciativas católicas. É ao clero, igualmente, que as caixas populares de poupança e empréstimo ditas caixas Raiffeisen são devedoras de seu desenvolvimento. É um padre, Kolping, que estendeu por toda a Alemanha uma vasta rede de Gesellenvereine (associações para companheiros); o abade Oberdorffer, pároco de Stolberg, está à frente de todos os círculos de trabalhadores (Arbeitervereine); e o sucesso das reivindicações religiosas do Centro deve-se, em grande parte, aos serviços sociais e às iniciativas sociais dos deputados católicos e dos padres católicos, aos projetos de lei sociais apresentados pelos primeiros, às obras sociais realizadas pelos segundos. É sem dúvida um erro pretender transportar para a França, para assegurar um desfecho feliz aos desejos dos católicos, uma organização política calcada na dos católicos alemães: as populações da Prússia Renana e da Vestfália fazem um contraste singular, por sua prática religiosa que permaneceu tão fervorosa, com as camadas profundas de nossas populações rurais; e o Centro possui, na Alemanha, essa base indispensável que faltaria, entre nós, a um partido análogo, queremos dizer: um eleitorado fundamental e realmente católico. Mas o que se pode reter do exemplo do Centro, o que, graças aos belos trabalhos do Sr. Kannengieser, foi retido, é a eficácia da ação social do padre e do fiel: o Kulturkampf alemão foi vencido pela união que se estabeleceu entre o padre que sofria e o operário que labutava.

Ver Theodor Palatinus, Entstehung der Generalversammlungen der katholiken Deutschlands, Würzburg, 1894; as revistas Der Volksverein, Arbeiterwohl e Charitas; Schaeffer, Adolf Kolping, Paderborn, 1893; a Kölner Correspondenz, órgão dos Arbeitervereine; Kannengieser, Catholiques allemands, Paris, 1892; Kannengieser, Ketteler et organisation sociale en Allemagne, Paris, 1894; Goyau, L’Allemagne religieuse, Paris, 1898, p. 24 sq.; Wenzel, Arbeiterschutz und Centrum, Berlim, 1892.

Nos últimos anos, as iniciativas católicas se voltaram com cuidado zeloso para dois campos onde o protestantismo parecia tê-las precedido: a proteção da jovem e o combate ao alcoolismo. As casas católicas de proteção da jovem, em 1897, distribuíam-se assim: 10 em Baden, 9 na Baviera, 4 na Alsácia, 2 em Hesse, 26 na Prússia, 2 na Saxônia, 2 em Wurtemberg, Charitas, II, p. 47-49; foram feitos esforços frutíferos para criar um elo entre essas casas, para dar à proteção da jovem um caráter internacional; foi criado em Munique, em 1896, o Marianischer Mädchenschutzverein, Charitas, I, p. 29 sq.; foi inaugurado, em Tréveris e em Colônia, um movimento em favor das moças de lojas. Charitas, II, p. 105-107.

Quanto à luta contra o alcoolismo, ela tem desde 1897 um órgão: os Katholische Mässigkeitsblätter, suplemento da revista Charitas, e em torno deste órgão foi criado um comitê central católico antialcoólico, que se ramifica por toda a Alemanha.

VIII. AS MISSÕES PROTESTANTES ALEMÃS.

O protestantismo alemão, antes do século XIX, ocupava-se muito pouco da difusão do cristianismo nos países infiéis: não se pode citar, a este respeito, antes do ano de 1800, senão a missão dos irmãos Morávios, fundada desde 1732. Ela ainda é muito próspera hoje; ela mantinha, no final de 1897, 138 estações de missões, repartidas entre a Groenlândia, o Labrador, o Alasca, a Califórnia, as Antilhas, a América Central, a África, a Austrália e o Himalaia; e ela tinha a cargo de 96.197 almas. No século XIX, um certo número de sociedades de missões protestantes foram fundadas.

1. A Evangelische Missionsgesellschaft de Basileia, fundada em 1815: às 33 estações de missões que possuía em 1878, somaram-se, nos vinte anos seguintes, 23 novas estações; ela trabalha nos Camarões, na Costa do Ouro, na Índia; mas é na China, sobretudo, que ela fez, nos últimos anos, notáveis progressos; ela domina sobre 38.637 almas.

2. A Rheinische Mission, resultado da fusão das três sociedades de missões de Elberfeld (fundada em 1799), de Barmen (fundada em 1818) e de Colônia (fundada em 1828): ela trabalha, sobretudo, na África alemã e nas Índias neerlandesas; ela conta 72.367 fiéis.

3. A Norddeutsche Missionsgesellschaft, fundada em 1836; ela tem 2.257 fiéis.

4. A missão luterana-evangélica de Leipzig, fundada em 1838; ela tomou como campos de trabalho a África oriental, tanto inglesa quanto alemã, e a Índia: na região de Madras, o número de seus fiéis elevou-se, entre 1893 e 1899, de 131 para 2.000.

5. A Hermannsburger Mission, fundada em 1849. A Zululândia e o Bechuanalândia são evangelizados por esta missão; ela possui lá 44.650 fiéis; ela começa a trabalhar na Índia.

6. A Gossnersche Mission: a Índia é seu domínio; ela vegeta na região do Ganges, mas obtém, no país dos Kols, muito belos sucessos (49.000 fiéis, e, apenas no ano de 1898, 2.422 batismos).

7. A sociedade de missões para a África oriental-alemã: sua primeira estação data de 1887; ela tem sete atualmente, com 186 fiéis e 90 catecúmenos.

8. A missão de Schleswig-Holstein, fundada em 1877: a Índia é seu domínio; ela tinha, em abril de 1899, 6 estações com 687 fiéis.

9. A missão de Neunkirchen, fundada em 1881. As sete estações que ela mantém em Java, as três estações que ela mantém na África oriental inglesa, tinham, em 1898, 1.262 fiéis.

10. A sociedade bávara de Neuendettelsau: ela se consagra à evangelização do sul da Austrália e da Nova Guiné.

11. O Jerusalemis-Verein, fundado em 1852 por Gobat, ligado ao bispado anglo-alemão de Jerusalém e provendo à manutenção da Diáspora alemã na Palestina.

12. Os comitês de Frankfurt e de Berlim para a proteção dos armênios e o Deutsche Hilfsbund mantêm na Ásia Menor, na Bulgária e na Pérsia, orfanatos protestantes para os pequenos armênios cismáticos: cerca de 1.200 são acolhidos lá.

13. O Evangelischer Afrika-Verein, fundado em 1894, provê às obras humanitárias cuja necessidade se faz sentir na África alemã (asilo para escravos, sanatório, escola superior cristã, escola de colonização).

14. Finalmente, três associações de mulheres missionárias, sem grande importância, aliás, esboçam alguns esforços no Oriente e na China.

É preciso adicionar a esta lista a Sociedade para promover as missões evangélicas entre os pagãos, fundada em Berlim em 1824. Ela teve inícios muito difíceis: Schüttge organizou aproximadamente um seminário para os jovens missionários, depois a instituição periclitou, até que em 1857 ela foi reerguida por Wallmann e definitivamente organizada por um dos homens que mais trabalharam na extensão das missões evangélicas, Wangemann. Ela tem 66 estações de missões, das quais 50 no sul da África, repartidas em 6 distritos, — 9 na África oriental, — e 7 na China: mais de 47.000 almas dependem dela. A missão da China existe desde 1882: assim que o governo alemão, em novembro de 1897, tomou posse do território de Kiautschou, a sociedade instalou imediatamente, no meio desses 175.000 chineses cujo território se tornava alemão, uma estação de missão. O relatório mais recente e mais completo sobre a atividade desta sociedade acaba de ser publicado pelo Sr. Merensky no Kirchliches Jahrbuch do Sr. Schneider para 1900, p. 285-301.

Sobre as missões protestantes alemãs, consultar, além dos diversos periódicos que quase todas estas sociedades de missões publicam, a revista de conjunto que fundou o Sr. Pastor Warneck sob o título: Allgemeine Missionszeitschrift; Gundert, Die evangelische Mission, 3ª ed., 1894; Karl Mirbt, Der deutsche Protestantismus und die Heidenmission am xix Jahrhundert, Gießen, 1896.

Por fim, o papel que a Associação de São Bonifácio desempenha em benefício do catolicismo nas regiões protestantes é desempenhado em benefício do protestantismo, nas regiões católicas; pela Associação de Gustavo Adolfo, fundada sob Frederico Guilherme IV, e pela Liga Evangélica (Evangelischer Bund), fundada sob Guilherme I.

Ver as brochuras publicadas pelo Evangelischer Bund, Leipzig, e Zimmermann, Der Gustav-Adolfs Verein, Darmstadt, 1878.

IX. AS OBRAS SOCIAIS E CARITATIVAS PROTESTANTES.

As obras sociais protestantes estão todas agrupadas em torno da Missão Interior, organizada por Wichern em 1848. "Jornal mensal para a Missão Interior, incluindo a diaconia, o cuidado da diáspora, a evangelização e o conjunto da beneficência"; assim se intitula o principal órgão da Missão Interior; e este enunciado marca a extensão do programa e a diversidade das ambições. Mais de 13.000 diaconisas, mais de 2.000 "irmãos", um certo número de pastores, são os agentes da Missão Interior. A Missão Interior distribui bíblias (546.995 em 1898, distribuídas pelos cuidados de 9 sociedades bíblicas alemãs). Ela propaga folhetos, sob os auspícios de 7 grandes "sociedades de folhetos"; 4 dessas sociedades, desde sua fundação, espalharam 90 milhões de folhetos. Ela faz circular obras religiosas (a cada semana, 220.000 exemplares de sermões em folhas soltas; difusão de 195 periódicos cristãos, elevando-se a cerca de 3.150.000 exemplares; difusão de 62 calendários cristãos, elevando-se a cerca de 2 milhões de exemplares; manutenção de 1.014 bibliotecas populares; instituições de colportagem de literatura cristã em 322 circunscrições sinodais). A fim de conservar intacta, no coração das regiões católicas, a minoria protestante, a Missão Interior vela pela manutenção de 32 instituições especiais (Konfirmandenanstalten) onde 900 crianças destinadas à confirmação recebem um ensino suficiente. Ela designa pregadores e a eles associa leigos para catequizar a cada domingo 780.000 crianças em 5.915 serviços religiosos especiais (Sonntagsschulen ou Kindergottesdienste). Ela multiplica e desenvolve obras de preservação, de caráter ao mesmo tempo religioso e social:

1. Associações de jovens (Jünglingsvereine); seu número quintuplicou de 1880 a 1890, dobrou de 1890 a 1898; é hoje de 1.993, agrupando 103.787 membros.

2. Associações de aprendizes (Lehrlingsvereine), em número de 108 com 5.248 membros e círculos operários (Arbeitervereine) que reuniam em 1894 mais de 50.000 membros e que, sob certas inspirações, tendem a se tornar aqui e ali núcleos de organização operária (ver Goyau, L’Allemagne religieuse, c. IV e V).

3. Associações cristãs de jovens (Christliche Vereine Junger Männer), dedicadas ao apostolado nas classes indiferentes ou ímpias, e obtendo sucesso apenas com grande dificuldade: em Berlim, elas conseguem atrair apenas 5% dos jovens aos quais se dirigem e retêm apenas 1%.

4. Liga dos soldados (Soldatenbund), que desde 1893 criou 12 "casas" (Heime) para jovens soldados nas cidades de grandes guarnições.

5. "Liga da juventude para o cristianismo decidido" (Jugendbund für entschiedenes Christentum), importada da América para a Alemanha em 1894; seus 2.042 membros, jovens e moças, agrupados em 80 associações, ocupam-se da propaganda religiosa.

6. Associações de jovens moças (Jungfrauenvereine), em número de 3.049, das quais 1.416 são posteriores a 1890; asilos de jovens moças em busca de emprego (89 Mädchenherbergen, 11 Mädchenheime, 35 Arbeiterinnenheime); 102 creches com 3.091 vagas; 2.700 escolas infantis com 188.000 crianças; 332 creches para escolares com 20.713 vagas; 251 orfanatos com 8.697 pupilos; 140 sociedades de educação com 5.226 pupilos; 320 casas de proteção (Rettungshäuser) com 12.167 pupilos.

As obras redentoras também acompanham as obras protetoras. Existem aquelas que acolhem meninas ou mulheres viciosas ou abandonadas (89 asilos para Madalenas com 822 hospitalizadas; casas de assistência (Versorgungshäuser) que, de 1873 a 1898, abrigaram 4.910 jovens moças; 8 colônias de operárias com 400 vagas). Os 39 agrupamentos da Associação alemã contra o abuso de bebidas alcoólicas, com 11.722 membros, os 155 agrupamentos da Cruz Azul, com 23.304 membros, e os 17 "estabelecimentos para a cura de bebedores" (Trinkerheilanstalten), dos quais 15 são posteriores a 1882, combatem a embriaguez; os 180 agrupamentos da Cruz Branca, fundada em 1889, reúnem 16.000 membros para o combate à prostituição.

Ver sobre as obras sociais protestantes: Wurster, Die Lehre der inneren Mission, Berlim, 1895; Schaefer, Leitfaden der inneren Mission, Hamburgo, 1889; R. P. Cyprian, Die innere Mission der deutschen Protestanten, Passau, 1894; as monografias sobre a Innere Mission, publicadas em Hamburgo; finalmente Schneider, Kirchliches Jahrbuch auf das Jahr 1900, Gütersloh, 1900.

A subordinação do estabelecimento religioso protestante ao poder civil obstrui a ação social dos pastores: os dois movimentos cristãos sociais inaugurados pelo pastor Stoecker há trinta anos, pelo pastor Naumann há dez anos, são suspeitos para a alta burocracia dos consistórios, desde que o imperador Guilherme II inaugurou uma política de reação social, e uma das grandes fraquezas das igrejas evangélicas da Alemanha, além da incerteza de seu dogma e seu agnosticismo semivergonhoso, é precisamente sua impotência para exercer uma ação social séria, autônoma e contínua. Muitos protestantes se queixam disso, e comenta-se vivamente neste momento (abril de 1900) a conversão ao catolicismo da Sra. Gnauck-Kühne, que era há dez anos uma das colaboradoras mais ardentes e mais apreciadas do movimento "protestante-social". Neste império que é a primeira potência protestante do mundo, cujo soberano se considera voluntariamente como uma espécie de papa, cuja ascendência internacional parece ser posta a serviço da ideia protestante, e cujas combinações diplomáticas, enfim, são dirigidas contra o papado, é interessante observar que, ao contrário do catolicismo, o protestantismo, como disse repetidamente o pastor Stoecker, é impotente para agir sobre a opinião e incapaz de se tornar uma força na vida pública interna do império.

G. GOYAU.

II. ALEMANHA, publicações católicas sobre as ciências sagradas.

I. Idade Média. II. Tempos Modernos. Visão geral. III. Teologia dogmática. IV. Controvérsia e apologética. V. Escritura sagrada. VI. História eclesiástica. VII. Patrologia. VIII. História da teologia. IX. História do dogma. X. Arqueologia cristã. XI. Teologia moral. XII. Teologia pastoral. XIII. Direito canônico. XIV. Enciclopédia teológica. XV. Revistas.

I. Idade Média.

A história das ciências sagradas na Alemanha durante a Idade Média está ligada a alguns grandes nomes que caracterizam ao mesmo tempo as tendências particulares das diversas épocas das quais são representantes.

1° Do século VIII ao XII. — Preservar e salvar do naufrágio pela reprodução e compilação do que de mais sólido e fecundo ela havia produzido, a ciência do passado e transmiti-la assim às gerações futuras, tal foi a tarefa do século e da época de Carlos Magno. Ninguém a compreendeu melhor e a cumpriu com mais entusiasmo e energia do que o célebre discípulo de Alcuíno, tornado abade de Fulda e mais tarde arcebispo de Mainz, Rabano Mauro (776-856). Exegeta, teólogo dogmático, liturgista, moralista, canonista e poeta, ele comentou quase todos os livros da Escritura e deu em seu De institutione clericorum (819) um manual prático de educação eclesiástica do qual a Idade Média sempre se serviria com predileção. As abadias beneditinas de Reichenau, Saint-Gall, Corbie, etc., rivalizaram em zelo com a de Fulda para defender contra a barbárie do tempo os tesouros da civilização cristã e antiga. Elas contribuíram assim para preparar o caminho para uma nova era.

2° Século XII. — Será sempre uma das glórias da Alemanha ter dado a Paris, então centro intelectual do Ocidente cristão, um dos maiores iniciadores do movimento científico que inaugurou o florescimento da escolástica, Hugo de São Vítor (+ 1141). Formado na escola de Guilherme de Champeaux, Hugo assegurou com sua grande obra a Summa sententiarum (sobre o De sacramentis, ver acima, col. 53) o triunfo do método de Santo Anselmo e forneceu a Pedro Lombardo os elementos do grande tratado das Sentenças que marcou seu reinado definitivo.

3° Século XIII. — A parte tomada pela Alemanha na grande época escolástica do século XIII é representada pelo nome de Alberto Magno, O. P. (1193-1280), que professou teologia em uma série de escolas de sua ordem na Alemanha, notadamente em Colônia, onde foi mestre de São Tomás de Aquino. O lugar preponderante que ele deu em seu ensino e seus escritos à filosofia de Aristóteles, sua vasta erudição e universalidade de seu gênio prepararam o caminho para o príncipe da teologia da Idade Média. Ele também formou Ulrich de Estrasburgo (+ 1277), cuja Soma Teológica, De summo bono, ainda inédita, muito apreciada na Idade Média, conta entre as melhores obras do grande século. Nomeamos ainda Hugo de Estrasburgo, o autor presumido do manual de teologia mais usado durante toda a Idade Média e muitas vezes atribuído aos próprios príncipes da teologia do século XIII, o Compendium theologicae veritatis. Devemos também contar entre os discípulos de Alberto Magno, o profundo e original Henrique de Gand (1220-1293?), cognominado o doctor solemnis? É o que, após as eruditas pesquisas do Pe. Ehrle (Archiv für Literatur und Kirchengeschichte des Mittelalters, 1885, t. 1, fascículo 2), não ousaríamos mais afirmar.

4° Séculos XIV e XV. — A época do declínio da escolástica ainda viu surgir Tomás de Estrasburgo, O. S. A. (+ 1357), que, em seu Comentário sobre as Sentenças, cuja concisa clareza sempre foi admirada, defendeu o realismo moderado de São Tomás contra as tendências nominalistas da época e o grande enciclopedista teológico do final da Idade Média, cujas obras estão sendo reeditadas no momento, Dionísio o Cartuxo (1402-1471). Nascido na diocese de Liège, ele estudou em Colônia. Seu Comentário sobre as Sentenças, verdadeira cadeia dos maiores teólogos do século XIII, é uma obra de vasta e sólida erudição.

Em 1475 morreu em Tubinga aquele que muitas vezes foi cognominado "o último dos escolásticos", uma das glórias da jovem universidade de Tubinga, e um dos melhores e mais corretos representantes da escola nominalista, Gabriel Biel. Escolástico ardente e convicto, dialeticista consumado, ele saudou nas sociedades eruditas de Estrasburgo e Basileia os primeiros raios do humanismo nascente.

5° Teologia mística. — Ao lado da teologia escolástica, seus iniciadores e seus mais ilustres representantes — um lugar de honra aqui ainda cabe a Hugo de São Vítor — cultivaram com não menos ardor a teologia mística. A separação só se deu na época do declínio da escolástica e dos triunfos do nominalismo. A Alemanha tornou-se então a verdadeira pátria da teologia mística. Seguindo os passos de seu mestre Eckhart ou Eceard, O. P. (+ 1327), professor de teologia em Estrasburgo e Colônia, e preservando-se de seus erros, os dominicanos João Tauler de Estrasburgo (+ 1361) e Henrique Suso (+ 1365) tornaram-se os principais promotores do movimento que deu origem à sociedade dos "Amigos de Deus". Leigos, como Rulman Merswin de Estrasburgo (+ 1382) e Nicolau de Basileia (+ após 1417), tomaram mais tarde, não sem detrimento para a ortodoxia da mística alemã, uma parte preponderante. Eles exerceram, assim como o autor desconhecido da Teologia Alemã (Deutsche Theologie, publicada sob este título por Lutero) até os primeiros tempos da Reforma, uma notável influência.

6° História. — Os estudos históricos, cujo lugar, aliás, nunca foi senão muito subsidiário no organismo intelectual das escolas da Idade Média, ligaram-se por muito tempo a um pequeno manual de história eclesiástica composto no século IX pelo bispo Haimo de Halberstadt (853) e intitulado: Breviarium historiae ecclesiasticae. É um resumo da obra de Eusébio traduzido por Rufino. A história eclesiástica da Alemanha do Norte e dos países escandinavos foi escrita por Adão de Brema (+ por volta do final do século XI) e continuada no final da Idade Média por Alberto Krantz (+ 1517), cônego da metrópole de Hamburgo. Entre os inumeráveis cronistas e biógrafos (ver Wattenbach, Deutschlands Geschichtsquellen im Mittelalter bis in die Mitte des 13. Jahrhunderts, 5ª ed., Berlim, 1886; O. Lorenz, Deutschlands Geschichtsquellen im Mittelalter seit dem 13. Jahrh., Berlim, 1886, e os Monumenta Germaniae historica, Scriptores, 1828-1888, 28 in-fol.), citemos o maior pela sua concepção filosófica e teológica da história, o emulador de Santo Agostinho e de Bossuet, Otão de Freising, O. Cist. (+ 1158), De duabus civitatibus.

7° Exegese. — Os grandes mestres da ciência escolástica e mística foram ao mesmo tempo os primeiros exegetas da Idade Média. Neste terreno, sem dúvida, seus trabalhos continuam mais as tradições da época precedente do que marcam uma nova etapa ou um progresso paralelo ao da teologia sistemática. Mas as cadeias e os grandes comentários da época não são menos um testemunho eloquente do interesse que a teologia da Idade Média tinha pelo estudo aprofundado da Sagrada Escritura. Já citamos como predecessor de São Tomás na Alemanha Rabano Mauro. Acrescentemos a ele o nome do erudito colaborador e amigo de Rabano, Haimo de Halberstadt. Ao século XII pertencem, além de Hugo de São Vítor, Roberto de Deutz (+ 1135), Gerhoh de Reichersberg (+ 1169), Irimberto (+ 1177); ao século XIII, Alberto Magno; ao século XIV, Ludolfo o Cartuxo (+ 1384), cuja vida de Jesus foi editada mais de trinta vezes desde o século XV; e finalmente ao século XV, Dionísio o Cartuxo (+ 1471).

II. TEMPOS MODERNOS. VISÃO GERAL.

Três graves eventos contribuíram, por volta do final do século XV e na primeira metade do século XVI, para imprimir às ciências sagradas uma nova direção: o Renascimento das letras clássicas, a Reforma protestante seguida da Contrarreforma católica e a invenção da imprensa.

O Renascimento, ao ressuscitar (a palavra não é de todo exata) o estudo dos antigos, deveria antes de tudo dar um novo impulso às ciências linguísticas e históricas. Os primeiros humanistas alemães, Nicolau de Cusa, Rodolfo Agrícola, Al. Hegius, Jacques Wimpheling, Seb. Brant e, em concerto com eles, os melhores teólogos da época, como G. Biel, J. Geiler e J. Trithemius, saudaram nele a renovação das ciências bíblicas e patrísticas, persuadidos de que um estudo mais aprofundado das fontes da teologia era a condição indispensável de seu progresso no próprio espírito da Igreja.

Assim, devemos a Trithemius uma obra patrística de alta importância, o De scriptoribus ecclesiasticis, e a um certo número de outros humanistas as primeiras edições impressas dos Padres Gregos e Latinos. Infelizmente, o espírito evasivo, cético e rebelde que Erasmo de Roterdã, o homem mais influente de sua época, imprimiu à jovem escola humanista, deveria levar todo esse belo movimento a um desfecho fatal. A oposição ao formalismo exagerado da escolástica decadente transformou-se em luta encarniçada contra o escolasticismo em geral; sob pretexto de reconduzir a teologia à sua fonte, não se temeu alterar sua pureza. A Reforma apenas acentuou essa direção anticatólica e, ao quebrar a unidade religiosa, quebrou os laços que ligavam a teologia do século XVI ao seu glorioso passado. Um rápido declínio dos estudos teológicos foi o primeiro efeito da "Reforma".

Esta, porém, precisava demais, para se manter, das armas da ciência tão desdenhosamente tratadas por Lutero. O humanista Melanchthon as colocou em suas mãos; ele se tornou, por seus Loci communes, o Magister locorum da Reforma e a Universidade de Wittenberg o centro de ação intelectual do protestantismo.

Essa reviravolta não ficou sem influência sobre a teologia católica. No entanto, as felizes influências do antigo humanismo, tão entusiasta tanto pela Igreja quanto pela "nova ciência", haviam desaparecido. De um lado e de outro, as melhores forças se esgotaram na polêmica, em uma polêmica ardente e apaixonada a princípio, ultrapassando em suas formas, a exemplo da polêmica de Lutero, tudo o que as mais virulentas controvérsias haviam revelado até então, depois, mais calma, mais fria, mais racional, mais sistemática. Para a teologia católica na Alemanha, havia chegado a época da grande controvérsia. Os jesuítas tiveram o principal mérito e a "Contrarreforma" foi, em grande parte, obra deles. O terreno, porém, tornara-se ainda menos favorável aos grandes estudos escolásticos, históricos e bíblicos, pois a Alemanha, dilacerada pelas lutas internas, dizimada pela Guerra dos Trinta Anos, não podia pensar em rivalizar com a Espanha, a França e a Itália, então no apogeu de sua glória intelectual.

Se ela teve dignos sucessores de Belarmino, não teve um Barônio, nem um Suárez, nem um Bossuet, nem um Mabillon. Quando os tempos voltaram a ser melhores, a era da grande teologia havia passado. A escolástica estava mais uma vez em seu declínio. Contentou-se em reproduzir as obras da grande época em uma forma mais concisa, mais didática, mais metódica, adaptando-as às necessidades do ensino. Fez-se, no sentido estrito da palavra, a teologia da escola. No entanto, ao lado dos jesuítas que continuavam a árdua tarefa da luta, as outras ordens religiosas começavam a se reerguer. A Theologia Salisburgensis concluía dignamente, com a Theologia Wirceburgensis, a obra dogmática dos séculos XVI e XVII; os estudos históricos, patrísticos e bíblicos retomavam seu impulso, sobretudo nos conventos beneditinos. Sentiu-se a necessidade de alargar, inserindo os estudos positivos, o quadro do ensino teológico e de lhe dar um coroamento prático. Novas ramificações surgiram, como a patrologia e a pastoral. Foi um progresso inegável. Infelizmente, a teologia dogmática, longe de ganhar com esse desenvolvimento, graças ao espírito cético, superficial e utilitarista da época, perdeu singularmente em profundidade especulativa. As tendências anti-romanas e ultra-nacionalistas se misturaram, e o período josefista tornou-se para a teologia alemã um período de profundo declínio, do qual ela só se reergueria definitivamente por volta de 1830. No entanto, os primeiros anos do século XIX já deixaram entrever a aurora de uma nova era. Na Baviera, Sailer, o Fénelon alemão, e sua escola, emancipavam-se cada vez mais do espírito do século XVIII decadente e faziam passar como um sopro de vida sobre uma terra árida e ressecada. Na Vestfália, o nobre Conde de Stolberg passou do racionalismo protestante ao catolicismo e inaugurou com sua História da religião cristã a historiografia católica do século. Joseph de Görres, após ter saudado a Revolução Francesa como a libertadora dos povos, voltou-se para a Igreja, como a única salvaguarda da sociedade. Ao seu redor, uma elite de homens distintos, padres e leigos, tentaria fazer seu tempo compreender, por meio de trabalhos imperecíveis, que uma união íntima da Igreja e da sociedade, da fé e da ciência, das legítimas aspirações do presente e das sãs tradições do passado, deveria ser o programa intelectual e social do futuro e a condição indispensável da verdadeira grandeza de sua nação. O romantismo católico, a renovação da vida religiosa que seguiu a recuperação política e que, na luta contra o absolutismo do Estado — legislação matrimonial na Baviera, evento de Colônia, 1837 — acentuou-se ainda mais vivamente, não foram estranhos a esse movimento.

A filosofia idealista de Fichte, Schelling e Hegel, os esforços científicos da teologia protestante a estimularam, não sem lhe preparar perigosas crises. Hermés e Günther atestam isso. No próprio sentido da teologia ortodoxa, diversas tendências surgiram, segundo a influência mais ou menos preponderante que o meio ambiente, a consciência das necessidades intelectuais do presente ou o respeito e admiração pelas grandes obras do passado, a confiança na força inesgotável de uma gloriosa tradição científica exerciam sobre os espíritos. Esse fato, aliás, não tinha nada de surpreendente. Nos limites da mais estrita ortodoxia, a antiguidade cristã, como a Idade Média, não tiveram suas escolas teológicas com as mais variadas tendências? A história da teologia alemã no século XIX oferece, aliás, mais de uma vez o espetáculo instrutivo de um cruzamento de escolas e tendências cujos resultados foram os mais felizes. Lembremos primeiro a grande parte que a escola católica de Tubinga tomou na recuperação das ciências teológicas, cujas ramificações se estenderam a Munique, Friburgo e Bonn. O neoescolasticismo deve aos teólogos do colégio romano, e sobretudo aos notáveis trabalhos do Pe. Kleutgen, sua restauração na Alemanha. Vários dos mais ilustres representantes da ciência católica devem ao mesmo tempo a uma e outra dessas duas escolas sua formação teológica. Faculdades e seminários (nomeamos, entre estes últimos, o de Mainz que foi, desde o início do século, um foco de vida católica para a Alemanha), rivalizaram em ardor para dar à teologia alemã um incomparável impulso. Isso significa que ela atingiu hoje o apogeu de seus esforços e de seus sucessos? Quem ousaria afirmá-lo? Quem, sobretudo, ousaria pretender que ainda não restam grandes lacunas a preencher e grandes tarefas a cumprir?

Após esta visão geral, passemos rapidamente em revista o desenvolvimento das diferentes ramificações da ciência sagrada.

III. TEOLOGIA DOGMÁTICA.

1° Séculos XVI e XVII.

É a três jesuítas estrangeiros que cabe a glória de ter, no tempo das grandes lutas contra o protestantismo, restaurado na Alemanha a teologia escolástica. Gregório de Valência (1551-1603), professor em Dillingen e em Ingolstadt, o maior entre eles, Commentaria theologica, 4 vol., Ingolstadt, 1591, etc.; Rodolfo de Arriaga (1592-1667), professor em Praga, Disputationes theologicae in Summam S. Thomae, 8 vol. in-fol., Antuérpia, 1643 sq., e Martim Becano (1561-1624), o incansável adversário do calvinismo, Summa theologiae scholasticae, Mainz, 1612, 4 vol. in-4°. A eles deve-se juntar o jesuíta alemão Ad. Tanner (1572-1632), o mais célebre dos discípulos de Gregório, Universa theologia scholastica, speculativa, practica ad methodum S. Thomae, Ingolstadt, 1626, 4 vol. in-fol. Todos, exceto Arriaga, que permaneceu no terreno puramente escolástico, souberam unir ao elemento especulativo e sistemático os dados da exegese e da patrística. Eles asseguraram na Alemanha a preponderância ao sistema molinista, enquanto o tomismo teve seus defensores nas escolas de Colônia e Salzburgo.

2° Século XVIII e início do XIX.

O início do século XVIII viu o tomismo retomar mais influência nas abadias e escolas beneditinas e enquanto o escotismo encontrava alguns representantes nas fileiras dos franciscanos da estrita observância, os agostinianos defenderam contra os jesuítas as doutrinas de Berti (agostinianismo). Discutia-se entre essas diferentes escolas as questões da ciência divina, da graça, do objeto formal da fé. A época foi sobretudo fértil em manuais de teologia tratando, segundo a divisão então usual, da theologia dogmatica (positiva), scholastica e polemica. As obras mais importantes são: para a escola tomista a Theologia Salisburgensis (Theologia scholastica secundum viam et doctrinam S. Thomae), de P. Metzger (1637-1702), o melhor teólogo entre os beneditinos alemães, Augsburgo, 1695, 2 vol. in-fol.; — para a escola franciscana a Theologia scholastica, 4 vol. in-fol. (1721), de Krisper; — para a escola dos jesuítas a Theologia Wirceburgensis (Theologia dogmatica, polemica, scholastica et moralis), Würzburg, 1766-1771, t. XIV, in-8°, de Kilber (+ 1783), Holtzclau e Neubauer, de longe a melhor obra da época.

O nome de Eusébio Amort (1692-1775), cônego regular de Santo Agostinho, o homem mais erudito e mais universal de sua época na Alemanha, filósofo, teólogo, moralista, controversista, historiador e crítico, marca a passagem para um novo período na história da teologia. Sua Theologia eclectica moralis et scholastica, Augsburgo, 4 vol. in-fol., 1752, embora permanecendo fiel ao método escolástico, tende a simplificá-lo, eleva-se contra o formalismo neoescolástico e procura conciliar as doutrinas fundamentais do tomismo com os sistemas opostos. A filosofia aristotélica, já atacada de todas as partes e abandonada por um certo número de teólogos católicos, encontrou nele um intrépido defensor. No entanto, a filosofia "empírica" da época não cessou de ganhar terreno. As questões de metodologia teológica agitaram cada vez mais os espíritos. Gallus Cartier (+ 1777), abandonando o espírito e o método escolásticos, publicou sua Philosophia eclectica, Augsburgo, 1756, seguida em breve de sua Theologia universalis ad mentem et methodum celeberrimorum nostrae aetatis theologorum ac S. Scripturae interpretum, Augsburgo e Würzburg, 1757-1758, 5 vol. in-4°; o ex-jesuíta Stattler, um dos mais fecundos e influentes teólogos da época, sua Philosophia methodo scientiis propria explanata, Augsburgo, 1769-1772, 5 vol., colocando a "reflexão" no lugar da "abstração". Por outro lado, Schmier e Cartier publicaram seus Loci theologici tendendo a fazer prevalecer na teologia assim simplificada o elemento positivo.

É então que o Sr. Gerbert, o ilustre abade de Saint-Blaise, traçou em uma espécie de enciclopédia, Principia theologiae exegeticae, — dogmaticae, — symbolicae, — mysticae, — moralis, — canonicae, — sacramentalis, — liturgicae, Saint-Blaise, 1753-1759, o plano de uma nova teologia. O elemento histórico-dogmático predomina nele como em Amort: suas concepções especulativas ligam-se mais a Santo Agostinho do que a São Tomás. Ele vê no método escolástico um excelente exercício do espírito, mas, censurando-lhe seus excessos, nega-lhe o direito de ocupar sozinho o domínio da teologia.

É a essas tendências positivas das escolas beneditinas que devemos duas obras de sólida erudição, Analysis Patrum de D. Schram (1722-1797), que publicou além disso um Compendium theologiae... methodo scientifica propositum, Augsburgo, 1768, 3 vol., e Institutiones mysticae, Augsburgo, 1774, 2 vol., assim como a Historia theologico-critica de vita scriptis atque doctrina S. S. Patrum, Augsburgo, 1783-1793, 13 vol. in-8°, de Lumper (1747-1800), ao mesmo tempo que a introdução da patrologia no quadro do ensino teológico.

Tudo o que essas reformas podiam ter de legítimo foi, infelizmente, mais do que contrabalançado pelo espírito febroniano e josefista dos homens da Igreja e do Estado que, desde 1750, procuraram introduzi-las à força em todas as escolas teológicas do império. Os jesuítas perderam primeiro a direção do ensino teológico; acabou-se por retirar-lhes as cadeiras e persegui-los abertamente. A teologia dogmática perdeu pouco a pouco seu prestígio; uma seca nomenclatura de notas históricas teve que substituir o que lhe faltava em profundidade e em espírito católico.

Algumas obras, no entanto, denotam um sincero esforço para uma concepção mais elevada e mais correta da teologia: são as Institutiones theologiae dogmaticae, de Klupfel (1782) e de Wiest (1788), o Systema theologiae catholicae de Dobmayer (1807-1819), a Anthropologia biblica de Oberthür, o System der katholisch-spekulativen Theologie de Fr. Brenner (1815 ss., 1827 ss., 1837), que, tomando como ponto de partida a ideia do reino de Deus, tentou uma síntese do elemento dogmático, filosófico e histórico da teologia. Colocar a filosofia da história e um conhecimento aprofundado da Escritura a serviço da teologia, foi o que já havia tentado, não sem sucesso, o mais célebre teólogo da escola de Lucerna, J. H. O. Gigler (1782-1827), Die heilige Kunst, etc., Landshut, 1814; Lucerna, 1817 ss. O sopro vivificante de seu mestre, o Sr. Sailer, passou em suas obras, e pressente-se nelas a aproximação de uma nova era. L. Liebermann em suas Institutiones theologiae dogmaticae, 5 vol., Mainz, 1819-1827, deu o exemplo de uma exposição clara e concisa, mais positiva do que especulativa do dogma católico, cuja perfeita ortodoxia era, nessa época, mais do que nunca, um mérito inestimável.

3° Desde 1830.

Os esforços que se seguiram para devolver à teologia o que o josefinismo lhe havia tirado de profundidade e solidez especulativa, e para defendê-la dos erros filosóficos da época, nem todos foram felizes. Hermes (+ 1831), ao lutar contra a filosofia de Kant, não soube se precaver contra um racionalismo e um ceticismo que ameaçavam as próprias bases da teologia que ele tentava estabelecer sobre um sólido fundamento. Günther (+ 1863), cujas audaciosas especulações deveriam opor um dique intransponível ao panteísmo hegeliano, não soube conservar em relação ao seu adversário toda a independência que exigia a pureza do dogma. Baader (+ 1841), inimigo jurado desse espírito plano e superficial que havia caracterizado a época precedente, perdeu-se na teosofia de um Jacob Boehme. Todos os três desconheceram as grandes tradições da teologia católica. O Pe. Kleutgen (1811-1883) teve o mérito de trazê-las novamente à luz em suas duas importantes obras, Die Philosophie der Vorzeit vertheidigt, Münster, 1860-1863; Innsbruck, 1878, 2 vol.; Die Theologie der Vorzeit vertheidigt, Münster, 1853-1860, 3 vol.; 1867-1874, 5 vol. Todo o movimento do romantismo, aliás, voltava os espíritos para o glorioso passado do catolicismo. Reabilitá-lo na ciência teológica, levando em conta as necessidades do presente, evitar os excessos de uma especulação muito escrava dos sistemas mutáveis da filosofia moderna, ao mesmo tempo justificando por uma profunda compreensão de sua verdade imortal e fecunda os dogmas católicos diante do pensamento moderno e da oposição protestante, fazer servir a esse trabalho de sã especulação tudo o que a Sagrada Escritura, tudo o que a tradição católica oferece de elementos positivos, estudados eles mesmos, encadeados e agrupados segundo os princípios da crítica e da compreensão histórica, que lhes convém, sem jamais sacrificar a teologia à história do dogma, tal era a tarefa a ser cumprida pelas gerações seguintes. As melhores forças se esforçaram, não sem sucesso.

Um sensível progresso já marca as primeiras etapas da teologia contemporânea. A dogmática de Klee, professor em Munique (+ 1840), publicada em Mainz em 1837, pela solidez de sua erudição, sobretudo do ponto de vista patrístico, a abundância concisa da exposição, a alma profundamente crente que ela revela, a alta ideia que dá do dogma católico merece, apesar de suas lacunas e imperfeições de detalhes, um lugar de honra. J. A. Staudenmaier, professor em Giessen e em Friburgo (+ 1856), um dos mais espirituosos representantes da escola católica de Tubinga, tentou uma fusão ainda mais íntima da teologia dogmática e da história do dogma, mas, ao mesmo tempo em que alargava o quadro da primeira, soube dar-lhe um caráter eminentemente e profundamente especulativo. Seguiram-se a teologia dogmática de Kuhn (1806-1887), uma das figuras mais marcantes dessa mesma escola (t. I, Tubinga, 1846-1849; 1859-1862; t. II, 1857; t. III, 1ª parte, 1868, permaneceu inacabada), cujas teses especulativas sobre as relações da fé e da razão, da graça e da natureza, deram lugar a ardentes controvérsias; a de Dieringer, professor em Bonn, Mainz, 1847, notável por sua concisão, seu espírito sistemático e seu acabamento; as de Friedhoff e de Berlage, professores em Münster. As duas grandes obras de Scheeben, Handbuch der katholischen Dogmatik, Friburgo, 1875 ss., t. I-IV (traduzido para o francês por Bélet, 4 vol., Paris, 1880 ss. e continuado por Atzberger, 1899), e de Heinrich, Dogmatische Theologie, Mainz, 1881 ss., t. I-VI (continuado por C. Gutberlet, t. VII-VIII), distinguem-se, a primeira por sua tendência ao mesmo tempo especulativa e mística, a segunda pela clareza da exposição e a riqueza da erudição. Scheeben e Heinrich são ambos representantes de um neoescolasticismo temperado e complementado por um estudo aprofundado da Escritura e da literatura patrística. A dogmática menos volumosa do professor Simar, hoje arcebispo de Colônia, oferece com as de Scheeben e de Heinrich mais de um ponto de contato e forma um excelente manual de teologia. A de Oswald, professor em Braunsberg, em 9 vol., tem um caráter mais popular e prático. O elemento especulativo, emprestado em parte ao arsenal da filosofia moderna, que ela persegue em seus desvios, predomina na dogmática do professor Schell, de Würzburg, da qual teremos sem dúvida em breve uma segunda edição em tudo conforme às prescrições da Igreja.

Para terminar, citemos as obras em latim do Pe. Franzelin que, por sua origem e o caráter de seu espírito e de sua língua, pertence à escola alemã, sobretudo seu De divina Traditione et Scriptura, 3ª ed., Roma, 1882; De Deo trino, 3ª ed., 1881; De Deo uno, 3ª ed., 1883, os manuais muito práticos dos Pe. Jungman e Hurter e do professor Einig de Tréveris e finalmente a obra mais extensa, bem concebida e bem documentada do Pe. Chr. Pesch, Praelectiones dogmaticae, 9 vol., Friburgo, 1894-1899.

IV. CONTROVÉRSIA E APOLOGÉTICA.

1° Do início do século XVI ao meio do século XVII.

Após as primeiras lutas travadas corpo a corpo com os líderes da Reforma pelos teólogos católicos como João Eck (+ 1543), João Cochlaeus (+ 1552), João Emser (+ 1527), C. Schatzgeyer (+ 1577), P. Canisius (+ 1597), J. Hoffmeister (+ 1547) e tantos outros cujos nomes merecem ser resgatados do esquecimento (cf. Falk e N. Paulus no Katholik, 1891, I, p. 440 ss.; 1892, I, p. 540 ss.), Bellarmino inaugurava com suas Disputationes de controversiis christianae fidei, Roma, 1581, a era dos grandes controversistas da Companhia de Jesus. Gregório de Valência e Martim Becano introduziram na Alemanha a controvérsia em uma via metódica e científica. A defesa da autoridade doutrinal da Igreja e mais particularmente da autoridade papal tornou-se a base da polêmica contra o protestantismo. Ad. Tanner, Jacq. Gretser (+ 1625), Seb. Heiss (1614), Jacq. Keller (+ 1631), o capuchinho Valeriano Magno (+ 1661), cujo ponto de partida e método foram em parte diferentes, os dois convertidos Adr. e Pedro de Walenburch, para citar apenas os mais conhecidos, seguiram seus passos. Outro convertido, J. Scheffler (Angelus Silesius + 1677), veio juntar-se a eles. A história da "Contrarreforma", que devolveu à Igreja grande parte do terreno conquistado pelo protestantismo, mostra toda a importância dessa luta onde a maior e mais gloriosa parte cabe aos jesuítas.

2° Do meio do século XVII ao final do século XVIII.

Desde meados do século XVII, a controvérsia adquire outro caráter. Os manuais de teologia polêmica de Burghaber, Friburgo na Suíça, 1678, de Pichler, Augsburgo, 1713, a Theologia dogmatico-polemica de Sardagna, Ratisbona, 1770, a Theologia polemica de Gazzaniga, Viena, 1778, são destinados às escolas. A teologia polêmica torna-se parte integrante do ensino e adota suas formas metódicas. A controvérsia com traços mais populares e ousados ainda encontra um representante rude e acerbo em J. N. Weislinger, padre secular da parte transrenana da diocese de Estrasburgo; a controvérsia com tendências irênicas é cultivada por Eusébio Amort.

Em 1760, o abade Gerbert de Saint-Blaise publica sua Demonstratio verae religionis veraeque Ecclesiae contra quasvis falsas, que marca a passagem da controvérsia contra a ortodoxia protestante para o que convencionamos chamar de teologia apologética, dirigida contra o indiferentismo e a irreligião do final do século XVIII. Já em um trabalho especial intitulado Indifferentismus..., o jesuíta Biner havia, por volta do meio do século XVIII, época em que o filosofismo penetrava na Alemanha, iniciado a luta contra "os indiferentistas, os sincretistas e os libertinos". P. Gazzaniga dedicou à luta contra o naturalismo, inimigo da revelação, a primeira parte de sua obra, cuja segunda parte ataca a indiferença dogmática do protestantismo.

A Demonstratio evangelica e a Demonstratio catholica, Augsburgo, 1770; Pappenheim, †1775, do ex-jesuíta Stattler, o mestre de Sailer e, apesar de seus desvios, o mais marcante dos teólogos da época, contribuíram, ao aperfeiçoar o método, para o progresso da apologética. B. Mayer em sua Défense de la religion naturelle, chrétienne et catholique, Augsburgo, 1787, 4 vol., seguiu, para a primeira parte, a via de Bergier e dos apologistas franceses que tiveram, sobre o desenvolvimento da apologética alemã, uma grande influência. Toda uma série de escritos dedicados à defesa religiosa são devidos à pena dos antigos jesuítas de Augsburgo e foram publicados de 1790 a 1791 (em 17 vol.) sob o título: Gesammelte Schriften zur Vertheidigung der Religion und Wahrheit.

3° Século XIX.

As obras de teologia dogmática que inauguraram o século XIX (ver acima) deram um lugar considerável à defesa dos fundamentos da fé contra a filosofia anticristã. Uma nova era começa para a apologética e a controvérsia católica com duas obras de grande valor, saídas da escola de Tubinga: a Apologética de Drey, Die Apologetik als wissenschaftliche Nachweisung der Gotllichkeit des Christenthums in seiner Erscheinung, 3 vol., Mainz, 1838-1847, e a Simbólica de Möhler, Symbolik oder Darstellung der dogmalischen Gegensätze der Katholiken und Protestanten..., Mainz, 1832 (trad. em franc. por Lachat, 2ª ed., Paris, 1852). Esta última teve, desde sua primeira aparição, um imenso impacto devido à original simplicidade de seu método, à profundidade de suas ideias, à clareza de sua exposição. Pela comparação das doutrinas do catolicismo e das diversas escolas protestantes, Möhler demonstra que o catolicismo, ao evitar os dois extremos do protestantismo (naturalismo e supranaturalismo exagerado), responde sozinho às exigências da ideia cristã em sua pureza nativa e à sã razão. A obra de Möhler, defendida contra os ataques protestantes por uma réplica erudita e reeditada até dez vezes, não foi superada. As obras com tendências polêmicas e irênicas não faltaram posteriormente; notemos sobretudo as de T. Pesch, Christ oder Antichrist, de Röhm, Konfessionelle Lehrgegensätze, der Protestantismus unserer Tage, Die Vereinigung der christlichen Konfessionen, os escritos populares de L. de Hammerstein, etc.; as "Apologias do cristianismo" tornaram-se ao mesmo tempo apologias do catolicismo contra o protestantismo; a Reformation de Döllinger e a Geschichte des deutschen Volkes de Janssen forneceram à controvérsia clássica católica uma poderosa "arma histórica"; mas a Alemanha católica ainda espera a obra de controvérsia que, inspirando-se no espírito irênico de Möhler, responderá vigorosamente aos novos ataques da polêmica protestante.

A apologética de Drey, ao contrário, por seu método e seu espírito científico, pelo uso que fez da história e da filosofia, por sua tendência a evitar os dois extremos do racionalismo e "de um supranaturalismo muito exterior", marcou apenas uma nova etapa em um caminho que outros deveriam seguir com crescente sucesso. Staudenmaier publicou em 1841 sua Philosophie des Christentums. Em suas Grundfragen der Gegenwart, 1851, ele chamou a atenção da ciência católica para o perigo dos grandes erros anticristãos da época. Suas próprias ideias se depuravam cada vez mais dos elementos heterogêneos que a filosofia de seus mestres havia deixado ali. Não foi certamente o menor mérito de sua última obra fazer germinar naquele que deveria se tornar um dos mais brilhantes representantes da escola de Würzburg, o professor Hettinger, a ideia de sua Apologie des Christentums (2 tomos em 5 vol., 1863 ss.; 8ª ed., 1899-1900, traduzido para o francês na 3ª ed., por Jeannin, Bar-le-Duc, 1870, 5 vol.; Paris, 1891 ss.). Uma vasta erudição unida a uma grande certeza de doutrina, a uma clara e calorosa exposição, renderam a esta obra, onde a ciência alemã, a escola romana e poderíamos acrescentar o espírito mais popular e mais literário ao mesmo tempo da apologética francesa deixaram profundas marcas, seu sucesso incomparável. Enquanto a Apologie abrange o dogma inteiro, a Apologetica do mesmo autor tem por objeto apenas a defesa dos próprios fundamentos da fé. Destinada a servir de base ao ensino da teologia fundamental, ela tem, por isso, um caráter mais didático.

A teologia fundamental de Ehrlich, Praga, 1859, fruto de uma longa carreira filosófica e teológica, havia precedido a de Hettinger. O elemento especulativo, histórico-filosófico é mais pronunciado, as influências de Jacobi e Günther ainda se fazem sentir.

Outro representante da escola de Würzburg, H. Denzinger, acabara de publicar também um trabalho de sólida e vasta erudição para a defesa dos fundamentos sobrenaturais do cristianismo do ponto de vista noético: Vier Bücher von der religiösen Erkenntnis, 2 vol., Würzburg, 1856. Citemos ainda para terminar as apologias de Vosen, Das Christentum und die Einsprüche seiner Gegner, Friburgo, 1861; 4ª ed., 1881; Der Katholizismus und die Einsprüche seiner Gegner, Friburgo, 1866; 3ª ed., 1885, mais populares e destinadas sobretudo à juventude estudiosa dos colégios, bem como as obras apologéticas mais recentes: a Apologie des Christentums de P. Schanz, professor em Tubinga, 3 vol., Friburgo, 1887 ss.; 2ª ed., 1895 ss., notável pelo feliz uso que faz dos últimos resultados das ciências históricas e naturais e pela sã crítica que opõe àqueles "resultados" que parecem infirmar os dados da fé cristã; — a Apologie du christianisme do Pe. A. Weiss de Friburgo na Suíça, 5 vol., Friburgo em Brisgóvia, 1878 ss.; 3ª ed., 1894 ss. (tradução francesa por Collin, Paris, 1894 ss.), complemento indispensável das de Hettinger e de Schanz no que ela considera de preferência o lado moral e social do cristianismo e ataca sobretudo os erros e as consequências práticas do "pensamento moderno"; — a obra apologética de Schell, Göttliche Wahrheit des Christentums, da qual se anuncia uma edição completamente reformulada sob o título de Apologie des Christentums; — as apologias ou apologéticas mais breves de Schill, Theolog. Prinzipienlehre, Paderborn, 1895; de Gutberlet, Lehrbuch der Apologetik, Münster, 1887 ss.; 2ª ed., 1895, 3 vol., e de Stöckl, Lehrbuch der Apologetik, Mainz, 1895.

V. ESCRITURA SAGRADA.

O período que se seguiu ao Concílio de Trento, tão fértil em todo o mundo em exegetas de valor, oferece-nos na Alemanha apenas um nome marcante, o de Nicolau Serário, jesuíta lorenense, professor em Würzburg e em Mainz, falecido em 1609. Suas obras somam nada menos que 16 vol. in-folio. Os Prolegomena, impressos separadamente, foram sempre particularmente estimados. Somente por volta de meados do século XVIII é que os estudos bíblicos começaram a se reerguer. A escola dos jesuítas de Würzburg, com F. Widenhofer à frente, em Mainz o jesuíta Goldhagen e J. Weitenauer em Innsbruck inauguraram esse movimento. Ao período josefinista liga-se o nome de J. Jahn, professor em Viena (+ 1816), que publicou uma série de obras importantes sobre as diferentes ramificações da ciência bíblica, tais como a filologia, a arqueologia, a introdução à hermenêutica e deu uma bela edição da Bíblia hebraica. Ele não soube se defender inteiramente do espírito de seu tempo e várias de suas obras caíram mais tarde (1822) sob a censura do Index.

Em 1808, J. Hug, professor na Universidade de Friburgo, publicava pela primeira vez sua Introdução ao Novo Testamento, 2 vol., Tubinga e Stuttgart, 4ª ed. 1847, que, pelo método histórico positivo aplicado aos Livros Sagrados, contrariamente ao subjetivismo da crítica racionalista de Semler e de sua escola, lançava os fundamentos de uma sólida apologia da Bíblia. Dois memoriais opostos, um à vida de Jesus do Dr. Paulus, 1828, o outro à vida de Jesus do Dr. Strauss, 1841 e 1842, abalaram pela base o engenhoso andaime de seus sistemas.

A Introdução à Escritura Sagrada tornou-se, posteriormente, objeto de uma série de trabalhos mais ou menos importantes, tais como os de Herbst-Welte, 4 vol., Karlsruhe e Friburgo, 1840-1844; de Reusch, Friburgo, 1870; de Zschokke, Historia sacra Veteris Testamenti, Viena, 1872; 3ª ed., 1888; de Neteler, Geschichte der alttestamentlichen Literatur, Münster, 1879; de Schenz, 1887, para o Antigo Testamento; de Reithmayr, Ratisbona, 1852; de A. Maier, Friburgo, 1852; de Langen, Friburgo, 1868; 2ª ed., 1873; de Aberle-Schanz, Friburgo, 1877; de Al. Schäfer, Paderborn, 1899, para o Novo Testamento; de A. Scholz, Colônia, 1845 a 1848, 3 vol.; de Haneberg, Geschichte der bibl. Offenbarung als Einleitung ins Alte u. Neue Testament, 1850; 4ª ed., 1876; e de Kaulen, Einleitung in die heil. Schrift des A. u. N. Testamentes, Friburgo, 1876 ss.; 4ª ed., 1899. Este último dedicou um estudo muito sério à história e à crítica da Vulgata, Handbuch der Vulgata, Mainz, 1870. Allioli, Landshut, 1845 ss., Loch e Reischl, Ratisbona, 1851 ss., deram novas edições do texto da Vulgata, acompanhadas de comentários e traduções alemãs.

A arqueologia bíblica foi tratada sucessivamente por Ackermann, Aug. Scholz, Bonn, 1834; Allioli, Handbuch der biblischen Alterthumskunde, Landshut, 1844, 2 vol.; Kalthoff, Münster, 1840; Lohnis, Land und Volk der alten Hebräer, Ratisbona, 1844; Schegg, Bibl. Archäologie, 2 vol., Friburgo, 1886-1888, e B. Schäfer, Die religiösen, häuslichen u. politischen Alterthümer der Bibel, 2ª ed., Münster, 1891. A esses trabalhos, é preciso adicionar um grande número de monografias que seria muito longo enumerar aqui.

Para a hermenêutica, citaremos, após o livro de Jahn, as obras de Wilke, Würzburg, 1853, de Lohnis, Giessen, 1839, e de Reithmayr, Lehrbuch der bibl. Hermeneutik, publicado por Thalhofer, Kempten, 1874.

Os estudos exegéticos ganharam novo impulso a partir de 1830. Klee, embora mais teólogo do que exegeta de profissão, começou com sucesso seus comentários sobre o Evangelho de São João, Mainz, 1829, as Epístolas aos Romanos (1830) e aos Hebreus (1833). Mack comentou as Epístolas pastorais, Tubinga, 1838; 2ª ed., 1841. O jovem Windischmann (Comment. sur l’Épître aux Galates, Mainz, 1843) e Möhler (Comment. sur l’Épître aux Romains de Reithmayr, Ratisbona, 1845, a partir de um esboço de Möhler), cedo demais tirados da ciência católica, prometiam prestar os mais insignes serviços à exegese. Ad. Maier, em seus comentários sobre o Evangelho de São João, Friburgo, 1843-1845, 2 vol., as Epístolas aos Romanos, aos Hebreus e aos Coríntios, esforçou-se, não sem sucesso, para aplicar ao mesmo tempo o método literário, crítico, histórico de seu mestre Hug e o ponto de vista teológico e especulativo de Klee à interpretação dos Livros Sagrados; a patrística, os trabalhos de exegese moderna católicos e protestantes foram cuidadosamente utilizados; Reithmayr, em seu comentário sobre a Epístola aos Gálatas, acrescentou ainda os resultados de um estudo mais aprofundado dos grandes exegetas dos séculos XVI e XVII.

É no mesmo sentido que Aug. Bisping compôs seu comentário sobre o Novo Testamento, Exegetisches Handbuch zum Neuen Testament, 5 vol., 1854; 2ª ed., Münster, 1865 ss. O professor Al. Schäfer de Breslávia continua no momento a publicação de um comentário muito apreciado sobre todos os livros do Novo Testamento, dos quais vários volumes já apareceram: Die Bücher des N. Test. erklärt, t. I, Die Briefe Pauli an die Thessalonicher u. die Galater, Münster, 1890.

Os Evangelhos foram comentados em particular por Arnoldi (São Mateus, Tréveris, 1856), por Schegg (+ 1885), sucessor de Reithmayr em Munique e discípulo de Haneberg, de quem se inspirou em parte em seu livro sobre o Evangelho de São João, Munique, 1878-1880, 2 vol., que já havia sido precedido pelos comentários sobre São Mateus, 1856-1858, 3 vol., e sobre São Lucas, 1861-1865, 3 vol. A obra de Schegg respira uma profunda piedade e um grande tato literário; o estilo é claro e vivo; a interpretação peca às vezes por um excesso de originalidade e deixa entrever certas lacunas na formação teológica do autor. O comentário de Schanz, professor em Tubinga, ostenta em alto grau, como todas as obras do autor, o selo de uma sólida e vasta erudição, de um espírito crítico, amplo e moderado. Citemos para terminar o comentário póstumo do Pe. Kleutgen sobre o Evangelho de São Mateus.

Para o Antigo Testamento, foram primeiramente os livros proféticos que se tornaram objeto de uma série de comentários e estudos monográficos. P. Ackermann (Viena) publicou em 1830 os Prophetae minores perpetua annotatione illustrati.

Em suas Beiträge zur Erklärung des Alten Testamentes, Münster, 1851-1874, 9 vol., aos quais devem ser adicionados os Messianische Psalmen, Giessen, 1857-1858, o professor Reinke de Münster forneceu aos exegetas do Antigo Testamento e em particular dos livros proféticos materiais preciosos. Movers de Breslávia também deu importantes contribuições à crítica e à inteligência histórica dos profetas e do Antigo Testamento em geral. Isaías foi comentado por K. G. Meyer, por Schegg (1850) e por Knabenbauer, Erklärung des Propheten Isaias, Friburgo, 1881; Jeremias por Ant. Scholz, professor em Würzburg (Würzburg, 1880) e por Knabenbauer (Paris, 1889), que também deu na grande coleção de Lethielleux um comentário de Ezequiel (1890), de Daniel (1891) e dos pequenos profetas (1886). Devemos ao professor Ant. Scholz comentários muito judiciosos e muito completos de Oseias (Würzburg, 1882) e de Joel (1885), bem como dos livros de Judite (1887), de Ester (1892) e de Tobias (1889), nos quais o autor vê uma trilogia profética.

Os Salmos foram objeto de uma série de comentários, como os de Schegg, 3 vol., 2ª ed., Munique, 1857, de M. Wolter, Psallite sapienter, 5 vol., Friburgo, 1869-1890, de Thalhofer, 5ª ed., Ratisbona, 1889, de Rohling, Münster, 1871 e de Hoberg, Friburgo, 1892.

Para os outros Livros Sapienciais, é preciso citar os trabalhos de Zschokke (Viena, 1875), e de Knabenbauer (Paris, 1886) sobre Jó, de Bickell, de quem teríamos que citar muitos estudos literários e críticos, sobre o Eclesiastes (Innsbruck, 1886), de B. Schäfer (Münster, 1876), de Schegg (Munique, 1885), de Gietmann (Paris, 1890) sobre o Cântico dos Cânticos e de Gutberlet, Münster, 1874, sobre o livro da Sabedoria.

Tappehorn (Paderborn, 1888) e Hoberg (Friburgo, 1899) comentaram Gênesis, Hummelauer os livros dos Juízes (Paris, 1888), de Rute (1888), de Samuel (1886), Neteler os Paralipômenos (Münster, 1872) e os livros de Esdras e Ester (1877).

Teríamos ainda a citar um grande número de estudos especiais, mais ou menos extensos, referentes aos diferentes ramos da ciência bíblica, devidos às penas mais autorizadas e cuja indicação se encontrará no Dictionnaire de la Bible do Sr. Vigouroux, sob as rubricas correspondentes. Devemo-nos limitar a recordar os trabalhos de Hummelauer, de Gutberlet, de Güttler, de Bosizio, de Hahn, etc., sobre o Hexameron, a história do povo de Israel de Schöpfer (traduzida para o francês por Pelt, Paris, 1897 ss.), as vidas de Jesus de Sepp e de Grimm.

Pertencem à Teologia Bíblica, um ramo da ciência sagrada relativamente recente, cultivada com predileção pelos protestantes e que promete prestar os mais notáveis serviços à dogmática, as obras de P. Scholz, Handbuch der Theologie des Alten Bundes im Lichte der Neuen, Ratisbona, 1861; de König, Die Theologie der Psalmen, Friburgo, 1857; de Zschokke, Theologie der Propheten des Alten Testam., Friburgo, 1877; Der dogmatisch-ethische Lehrgehalt der alttestamentlichen Weisheitsbücher, Münster, 1889; de Lutterbeck, Die neutestam. Lehrbegriffe, 2 vol., Mainz, 1852; de Simar, Die Theologie des h. Paulus, Friburgo, 1864; 2ª ed., 1883.

VI. HISTÓRIA ECLESIÁSTICA.

Neste terreno, o protestantismo, ávido por justificar pelos fatos do passado sua revolta contra a Igreja, havia rapidamente tomado a dianteira. É verdade que as Centúrias de Magdeburgo, cujos falsos se tornaram lendários, não foram continuadas. Mas a Alemanha católica, tão cruelmente provada, não teve nenhuma obra de grande envergadura para lhes opor. A Itália, sabe-se, encarregou-se disso, e Barônio vingou dignamente as gloriosas tradições da Igreja Romana.

Na Alemanha, os ensaios de Conrad Becano e de G. Eisengrün, e notadamente as obras de Surius e de Gretser sobre a vida dos santos e a arqueologia cristã, os trabalhos de Cochlaeus, de Surius, de Ulenberg, de J. Schwarz sobre a história da Reforma não careceram nem de mérito, nem de sucesso. Uma série de preciosas monografias tratando da história eclesiástica de diferentes países e dioceses da Alemanha, tais como a Bavaria sancta, os Annales Trevirenses, a Basilea sacra, etc., vieram a se somar. Essa série foi continuada no século XVIII pelo Sr. Hansizius, Germania sacra, t. I-III, Augsburgo, 1727, 1729, 1754, e os beneditinos de Saint-Blaise, cuja Germania sacra, abrangendo a metrópole de Lorch com a diocese de Passau, o arcebispado de Salzburgo e o de Ratisbona, foi interrompida pela supressão da abadia. O século XIX deveria retomar esse tipo de trabalho segundo o método científico que lhe é próprio, pelas publicações de fontes e de registros.

Já no século XVI, a Universidade de Colônia assegurou à Alemanha católica o mérito de inaugurar as grandes publicações de fontes históricas e patrísticas que fariam a honra dos séculos XVII e XVIII. Três coleções dos Atos dos concílios apareceram de 1530 a 1606. A Magna Bibliotheca veterum Patrum em 15 in-fol., Colônia, 1618-1622, foi a primeira desse gênero, logo superada, na verdade, pelas publicações francesas.

O século XVIII não foi rico em produções históricas. Além das obras citadas acima, nomeemos a grande edição dos Concilia Germaniae (Colônia, 1759-1775, 10 in-fol., t. XI, em 1790), de Schannat e Hartzheim, o Chronicon Gottwicense, de God. Bessel (+ 1749), as histórias literárias das ordens religiosas, tais como a Bibliotheca Benedictino-Maurina, de Pez (Augsburgo, 1716), a Historia rei literariae ord. S. Bened., de Ziegelbauer, editada por Legipont, Augsburgo, 1754, 4 in-fol., a Germania Franciscana de Greiderer, Innsbruck, 1771-1781, 2 in-fol. No entanto, a história universal da Igreja era quase inteiramente negligenciada e só com a reforma josefista que, tornando-se parte integrante dos estudos eclesiásticos, foi objeto de uma série de trabalhos mais ou menos extensos. Destes últimos, porém, não se pode dizer muito bem. Animados por um espírito hostil ao papado e às liberdades da Igreja, superficiais em altíssimo grau, caíram logo em um legítimo esquecimento. Bastará citar os nomes de Royko (+ 1819), Synopsis, Praga, 1785, de Michl (+ 1813), de P. P. Wolf (1792), de Schmalfus (1793) e de Danenmayer (+ 1885), cujas Institutiones historiae ecclesiasticae, Viena, 1788 e 1806, introduzidas oficialmente como manual na Áustria, ainda são o que a época produziu de menos vulgar.

Mal um ano após a segunda edição das Institutiones, o Conde Leopoldo de Stolberg fazia aparecer o primeiro volume de sua Histoire de la religion de Jésus-Christ, Hamburgo e Viena, 1807-1818, 15 volumes. Foi uma revolução no melhor sentido do termo. Uma nova era começava na Alemanha para a história da Igreja. Stolberg havia colocado em sua obra toda a profundidade de seu espírito e todo o ardor de sua fé. Embora tenha permanecido inacabada (foi continuada mais tarde por Kerz e Brischar até 1245), exerceu uma duradoura influência. Suscitou primeiramente a Histoire ecclésiastique de Th. Katerkamp, professor em Münster na Vestfália (+ 1834), 5 in-8°, Münster, 1823-1834, indo até 1153, obra excelente apesar das lacunas de seu método, de uma solidez e ao mesmo tempo de uma frescura de exposição notáveis. A Histoire de l'Église de J. Rauscher (+ 1835), 2 vol., Sulzbach, 1829, foi interrompida pela elevação de seu autor à sé episcopal de Viena. Hortig, professor em Munique (+ 1847), compôs o primeiro manual de história eclesiástica verdadeiramente científico, Handbuch der christlichen Kirchengeschichte, 2 vol., Landshut, 1826-1827, continuado por seu sucessor J. J. Döllinger, Landshut, 1828. Este último, que infelizmente se tornaria mais tarde a alma do Velho Catolicismo, exerceu por muito tempo sobre os estudos históricos na Alemanha católica a mais feliz influência. A nova edição que ele deu em 1833 da obra de Hortig, que permaneceu inacabada como quase tudo o que ele publicou, já trazia o selo de uma concepção e de uma exposição histórica cujo mérito não pode ser superestimado. Após os dois primeiros volumes de um manual mais sucinto de história eclesiástica (1836), ele fez aparecer a obra que sempre permanecerá, embora também inacabada, um precioso arsenal para a defesa histórica do catolicismo contra os historiadores protestantes do protestantismo: Die Reformation, ihre Entwicklung und ihre Wirkungen im Umfange des lutherischen Bekenntnisses, Ratisbona, 1846-1848, 3 vol. O plano de uma grande história da Igreja e de uma história do papado foi realizado apenas em pequena parte em Heidentum und Judentum, Ratisbona, 1857 (tradução francesa, Bruxelas, 1858), Christentum und Kirche in der Zeit der Grundlegung, Ratisbona, 1860; 2ª ed., 1868, e as Papstfabeln des Mittelalters, Munique, 1863, onde já se percebem as tendências fatais do Döllinger do último período.

O nome de Möhler (+ 1838) nos recordará uma das personalidades mais individuais, mais espirituosas e clarividentes, mais simpáticas da Alemanha católica e erudita do século XIX. Já citamos sua Symbolik. Sua Histoire de l'Église é, em parte, apenas um esboço composto após sua morte a partir dos cadernos de seus ouvintes, por B. Gams, Ratisbona, 1867-1868, 3 vol. (tradução francesa por Bélet, Paris, 1869). Nem por isso ela deixa de levar a marca espiritual de seu autor.

H. Riffel tratou, entre outras coisas, com feliz sucesso em sua Kirchengeschichte der neuern u. neuesten Zeit., 3 vol., Mainz, 1841-1846, os primeiros eventos religiosos da história moderna; F. Damberger (+ 1859) em sua Synchronistische Geschichte der Kirche und Welt im Mittelalter, Ratisbona, 1850-1863, 15 vol. in-8°, como crítico judicioso e severo — às vezes demasiado severo — a história da Idade Média até 1778. Devemos ao professor Hefele, de Tubinga, mais tarde bispo de Rottenburg, Conciliengeschichte, em 7 vol., Friburgo, 1855-1874 (trad. franc. por Delarc, Paris, 1865-1878, 12 vol. e um de tabelas), reeditadas para os t. V e VI pelo professor Knöpfler, continuada por Hergenröther (t. VIII e IX, 1887-1896), trad. franc. por H. Leclercq, em curso de publicação, e que conta entre as mais notáveis obras históricas do século. Graças ao seu pragmatismo, ela se tornou uma verdadeira história universal do dogma, da organização, do culto e da disciplina da Igreja.

Uma série de eruditas monografias sobre Fócio e o cisma do Oriente, 3 vol., Ratisbona, 1867-1869, sobre as relações da Igreja Católica e do Estado na Idade Média, Friburgo, 1872, sobre os Estados Pontifícios desde a Grande Revolução, Friburgo, 1860, publicadas pelo Cardeal Hergenröther, então professor na universidade de Würzburg, prepararam o caminho para seu Handbuch der allgemeinen Kirchengeschichte, 3 vol., Friburgo, 1876-1880; 3ª ed., 1884-1886 (tradução francesa por Bélet, Paris, 1880 ss.), o manual de história eclesiástica mais completo e mais ricamente documentado que a Alemanha possui. Existe ao lado deste um grande número de manuais mais sucintos, cada um com seu cunho particular, tais como os de Ritter (+ 1857), Handbuch der Kirchengeschichte, 3 vol., Bonn, 1830; de Alzog, o digno discípulo de Möhler, Lehrbuch der Universalkirchengeschichte, Mainz, 1840; 10ª ed., por Kraus, 1882 (tradução francesa por Goschler, 5ª ed., Paris, 1881); de Kraus, Tréveris, 1874; 3ª ed., 1887 (tradução francesa por Godet e Verschaffel, Paris, 1891); de Funk, Rottenburg, 1886; 2ª ed., 1890 (tradução francesa por Hemmer, Paris, s.d.), que publicou além disso dois volumes de eruditas pesquisas históricas sob o título de Kirchengeschichtliche Abhandlungen und Untersuchungen, Paderborn, 1897-1899; de Brück, Mainz, 1874; 7ª ed., 1898, de quem possuímos também uma Histoire de l’Église catholique en Allemagne au XIXe siècle, Mainz, 1887 ss., 3 vol., e finalmente de Knöpfler, Friburgo, 1895.

A História do Povo Alemão desde o fim da Idade Média, por J. Janssen (tradução francesa por E. Paris), atualizada e continuada desde a morte do autor (1891) por L. Pastor, professor na universidade de Innsbruck, é demasiado importante para o período das origens e dos primeiros desenvolvimentos da Reforma para não ser aqui nomeada, apesar de seu caráter mais universal. Sabe-se o sucesso prodigioso que teve e que não cessa de ter na Alemanha como no estrangeiro. Ela encontra seu complemento para a época precedente na história do povo alemão desde o século XII até o fim da Idade Média, que publica neste momento o Pe. Michael, t. I-II, Friburgo, 1897-1899 (o conjunto deve abranger de 6 a 7 volumes). Janssen e Michael acrescentaram às suas obras fascículos de defesa, e uma série de Erläuterungen und Ergänzungen zu Janssens Geschichte des deutschen Volkes, publicadas sob a direção de L. Pastor, traz incessantemente novas contribuições à história do povo alemão desde a Reforma.

Temos o prazer de terminar esta longa enumeração que, para ser completa, deveria conter ainda o título de numerosas monografias, como as de Paulus, um dos melhores conhecedores da literatura católica do tempo da Reforma, de Meister, Schlecht, Sdralek, Schrörs, Spahn, etc., com a menção da História do Papado desde o fim da Idade Média, de L. Pastor, cujo terceiro volume acaba de aparecer em 3ª e 4ª ed., Friburgo (tradução francesa por Furcy Raynaud, Paris, 1888 ss.). O período da Idade Média é estudado por Grisar, Geschichte Roms und der Päpste im Mittelalter, cujo primeiro volume está sendo publicado no momento, Friburgo.

Finalmente, uma série de publicações importantes empreendidas pela Görresgesellschaft, sob a direção do Sr. Ehses, revela os resultados de longas e frutíferas pesquisas realizadas pelo instituto histórico da sociedade nos arquivos do Vaticano. Indicaremos mais adiante as revistas periódicas cujo número e valor científico dão por si sós uma alta ideia dos esforços tentados pela Alemanha católica no campo da história religiosa.

Como publicações de documentos, citemos os Acta et decreta sacrorum conciliorum recentiorum. Collectio Lacensis, auctoribus presbyteris S. J., 7 vol. gr. in-4, Friburgo, 1870-1890; Leonis X. P.M. Regesta, editado pelo Cardeal S. Hergenröther, 1º vol., Friburgo, 1884 ss., 2º vol. editado por Fr. Hergenröther, 1891. (Os registros dos papas ab condita Ecclesia ad annum 1198 haviam sido publicados por Jaffé, Berlim, 1851; 2ª ed. por Lowenfeld, Kaltenbrunner e Ewald, sob os auspícios de Wattenbach, Leipzig, 1885-1888; para o período de 1198 a 1304, por Potthast, 2 vol., Berlim, 1874-1875; 2ª ed. por Wattenbach.)

VII. PATROLOGIA.

Entre os ramos especiais da história eclesiástica que, nos últimos tempos, adquiriram uma importância particular, é preciso nomear antes de tudo a Patrologia. Trithemius (+ 1516), por seu De scriptoribus ecclesiasticis, 1494, já na época da Renascença, inaugurara na Alemanha os estudos patrológicos. Já mencionamos as coleções de obras patrísticas publicadas em Colônia, e a Analysis Patrum, de Schram (+ 1797). O período josefinista foi, como dissemos acima, muito favorável às ciências patrísticas. Lumper (+ 1800) publicou de 1783 a 1797, em 13 in-8°, sua Historia theologico-critica de vita, scriptis atque doctrina SS. Patrum, obra de boa erudição; J. B. J. Busse, de 1828 a 1829, seu Grundriss der christlichen Literatur, em 2 vol. in-8°. Mas a obra clássica por excelência, infelizmente inacabada, foi a Patrologia de Möhler, publicada após sua morte por F. X. Reithmayr: Ratisbona, 1840 (tradução francesa por Cohen, Lovaina, 1844), e abrangendo os três primeiros séculos da era cristã. Ao lado dela destacam-se as Institutiones patrologicae de J. Fessler (+ 1872), Innsbruck, 1850-1851, 2 in-8°, reeditadas e atualizadas por B. Jungmann, 1890 a 1896. O Lehrbuch der Patrologie und Patristik, de Nirschl, 3 vol., Mainz, 1881-1885, contém, além de abundantes dados biográficos e literários, uma rica coleção de textos patrísticos concernentes aos dogmas mais importantes; o Grundriss der Patrologie de Alzog, Friburgo, 1866, in-8°; 4ª ed., 1888 (traduzido para o francês por Bélet, Paris, 1877), rico em indicações bibliográficas, cedeu lugar à Patrologie de O. Bardenhewer, 1894 (tradução francesa por Godet e Verschaffel, Paris, 1899 ss.), o manual mais completo, mais seguro, mais fornecido do ponto de vista das indicações críticas e literárias que a Alemanha possui no momento. Entre as edições e publicações de textos, citemos os Opera patrum apostolicorum, edit. F. X. Funk, 2 vol., Tubinga, t. I, 2ª ed., 1895; t. II, 1881. Encontrar-se-á uma visão geral muito cuidadosa e muito completa de toda a literatura patrológica dos últimos anos na erudita publicação do professor A. Ehrhard: Die altchristliche Literatur und ihre Erforschung seit 1880, part. I, em Strassburger theol. Studien, t. I, fasc. IV e V; a continuação aparecerá em 1900.

VIII. HISTÓRIA DA TEOLOGIA.

Como a patrologia, da qual é, de certa forma, a sequência natural, por muito tempo negligenciada após Tritêmio (ver acima), a história da teologia (da Idade Média e dos tempos modernos) foi cultivada com predileção pela época josefinista. Encontramos, ao lado de simples dissertações e curtos esboços, manuais mais volumosos. As ideias de reforma do método teológico desempenham um grande papel. Não é de surpreender, no entanto, que se constate ali uma inteligência muito medíocre do verdadeiro desenvolvimento da teologia católica. Citemos os escritos de Mayr (1774), Tobenz (Viena, 1776); Schleichert, Institutiones historiae litterariae theologiae ad prescriptum reformationis Vindobonensis usibus academicis accomodatum, Praga, 1778; Staffler (Innsbruck, 1779), J. Moser (1779); Laphardt (Constança, 1779); J. M. Sailer, Fragment von der Reformationsgeschichte der christli- chen Theologie, Ulm, 1779; Placide Stirmer (1783), Horvath (1783), Macarius a. S. Elia (1785), Krammer (1783); P. Erdt, Historiae litterariae theologiae rudimenta XVIII libris comprehensa, Augsburgo, 1785, 4 vol.; Rautenstrauch (Praga, 1786); Wiest, Introductio in historiam literar. theologiae..., Ingolstadt, 1794, etc. — O século XIX não nos deu uma história geral da teologia católica conforme às necessidades da época atual, deixando assim ao século XX um vasto campo a cultivar. Forneceu, entretanto, importantes contribuições. Nomeemos antes de tudo os importantes trabalhos de Ch. Werner (+ 1888), Geschichte der apologetischen und polemischen Literatur der christlichen Theologie, Schaffhausen, 1861-1867, 5 vol.; Geschichte der katholischen Theologie seit dem Trienter Konzil, Munique, 1866; 2ª ed., 1889; Der h. Thomas von Aquino, Ratisbona, 1858-1859, 3 vol., cujo último trata da história do tomismo; F. Suarez und die Scholastik der letzten Jahrhunderte, Ratisbona, 1860-1861, 2 vol.; Beda der Ehrwürdige u. seine Zeit, Viena, 1875; Alcuin und sein Jahrhundert, ein Beitrag zur christlich-theologischen Literaturgeschichte, Paderborn, 1876; Die Scholastik des späteren Mittelalters, Viena, 1881-1887, 5 vol.; a obra de H. Limmer, Die vortridentinische katholische Theologie des Reformationszeitalters e as monografias de N. Paulus sobre os teólogos católicos adversários da Reforma (publicados nos Strassburger theol. Studien e no Katholik, etc.); as duas obras já citadas do Pe. Kleutgen, Theologie der Vorzeit; Philosophie der Vorzeit; a de Al. Schmidt, Wissenschaftliche Richtungen auf dem Gebiete des Katholizismus in neuester und in gegenwärtiger Zeit, Munique, 1868; o erudito trabalho de A. Ehrhard, Byzantinische Theologie, na Geschichte der byzantinischen Literatur de Ch. Krumbacher, 2ª ed., Munique, 1897, que abre um campo até agora inexplorado; os esboços de Döllinger, Die Vergangenheit und Gegenwart der kathol. Theologie, Ratisbona, 1863, com a crítica publicada sob o título: Vergangenheit und Gegenwart der kathol. Theologie. Ein Urteil der Civilta cattolica über die Rede des Stiftspropstes v. Döllinger, Mainz, 1864; Kuhn, Einleitung in die kathol. Dogmatik, 2ª ed., Tubinga, 1859, p. 378 ss.; Scheeben, Dogmatik, I, p. 49 ss.; Heinrich, Dogmat. Theologie, 2ª ed., I, p. 63 ss.; Kihn, Encyklopädie; F. X. Kraus, Über das Studium der Theologie sonst und jetzt, Rektoratsrede, Friburgo, 1890; o artigo Theologie por Schanz e os artigos biográficos do Kirchenlexikon de Friburgo. Nomeemos finalmente para terminar o Nomenclator literarius recentioris theologiae catholicae de H. Hurter, 2ª ed., Innsbruck, 4 vol., cujos 3 primeiros abrangem o período de 1564 a 1894, o 4º de 1109 a 1563. Não é, como seu nome indica suficientemente, uma história propriamente dita da teologia, mas um repertório biográfico e bibliográfico de primeira ordem, organizado por ordem cronológica e topográfica, trabalho de imensa erudição, destinado a prestar os mais insignes serviços a quem quiser se ocupar da história da teologia.

IX. HISTÓRIA DO DOGMA.

A história do desenvolvimento do dogma cristão liga-se intimamente à patrologia e à história da teologia. Sua importância deveria fazer-se sentir a partir do dia em que a teologia dogmática, abandonando o método puramente escolástico, tomava um caráter mais positivo e em que o protestantismo tentava apoiar seus erros nas doutrinas da Igreja primitiva. A honra de ter lançado os primeiros fundamentos dessa ciência pertence ao século XVII francês. No entanto, o ponto de vista dogmático propriamente dito ainda predomina sobre o elemento histórico nas magistrais obras de Petau e Thomassin. Somente por volta de meados do século XVIII é que a história dos dogmas se tornou objeto de um ramo especial da história eclesiástica cultivado primeiramente pelos protestantes alemães.

I. HISTÓRIAS GERAIS DO DOGMA.

Vimos a parte importante que o método histórico tomou na teologia católica do século XIX na Alemanha. O primeiro que, após o esboço traçado por L. Rueff, O.S.B., † 1828 (Primae lineae historico-theologicae ad usum candidatorum S. theologiae, Salzburgo, 1824-1827), tentou uma exposição completa do desenvolvimento histórico do dogma, foi o restaurador da teologia católica, H. Klee, Lehrbuch der Dogmengeschichte, 2 vol., Mainz, 1837 ss. (tradução francesa, por Mabire, Paris, 1848). No mesmo ano aparecia em Bonn um trabalho similar, incompleto, de B. J. Hilgers, herético e mais tarde velho-católico († 1874), Kritische Darstellung der Häresien und der orthodoxen dogmatischen Hauptrichtungen in ihrer genetischen Bildung und Entwicklung vom Standpunkt des Katholizismus, t. I, sect. I. A obra mais completa que a Alemanha católica possui até agora é a de J. Schwane, professor na Academia de Münster, † 1891. Compreende quatro partes: Dogmengeschichte der vornizänischen Zeit, Münster, 1862 (tradução francesa, por Bélet, Paris, 1886; a tradução foi revista e concluída por Degert, 6 vol., Paris, 1903-1904); 2ª ed., Friburgo, 1892; Dogmengeschichte der patristischen Zeit (325-787), Münster, 1869; 2ª ed., Friburgo, 1895; Dogmengeschichte der mittlern Zeit (787-1517), Friburgo, 1882; Dogmengeschichte der neuern Zeit, Friburgo, 1890.

É preciso adicionar as obras de J. Zobl, Dogmengeschichte der katholischen Kirche, Innsbruck, 1865, e de J. Bach, Dogmengeschichte des Mittelalters vom christologischen Standpunkte, 2 vol., Viena, 1873-1875, os trabalhos patrológicos e a Histoire des conciles de Hefele-Hergenröther citados acima. As questões de princípios relativas à importância e ao método da história científica do dogma foram tratadas ainda por Katschthaler (Zeitschrift für katholische Theologie, Innsbruck, 1882, p. 472 ss.) e Const. de Schazler, Die Bedeutung der Dogmengeschichte vom katholischen Standpunkt aus erörtert, editado por T. Esser, Ratisbona, 1884.

II. MONOGRAFIAS.

Os estudos monográficos, cuja necessidade não pode ser suficientemente reconhecida, abundam há algum tempo. Citemos:

1º Teologia patrística em geral. — O ensaio de J. Sprinzl, Die Theologie der apostolischen Väter, Viena, 1880; Nirschl, Die Theologie des h. Ignatius, Mainz, 1880.

A história dos dogmas particulares foi sobretudo empreendida. Citemos:

2º Deus e a criação. — K. van Endert, Der Gottesbeweis in der patristischen Zeit, Friburgo, 1869; J. Stahl, Natürliche Gotteserkenntniss aus der Lehre der Väter, Ratisbona, 1869, cf. Röderfeld. Theolog. Quartalschrift, Tubinga, 1881, p. 77 ss., 187 ss., 391 ss.; Atzberger, Die Logoslehre des Athanasius, Munique, 1880; Gangauf, Des h. Augustin speculative Lehre von Gott dem Dreieinigen, Augsburgo, 1865 e 1883; Grassmann, Die Schöpfungs-lehre des h. Augustin und Darwins, Ratisbona, 1889.

3º Encarnação. — Bertram, Theodoreti episcopi Cyrensis doctrina christologica, Hildesheim, 1883; Baltzer, Christologie des h. Hilarius von Poitiers, Rottweil, 1889; Atzberger, Die Unsündlichkeit Christi historisch-dogmatische dargestellt, Munique, 1883.

4º Redenção e graça. — Pell, Die Lehre des h. Athanasius von der Sünde und Erlösung, Passau, 1888; Sträter, Die Erlösunglehre des h. Athanasius, Friburgo, 1894; Wörther, Die christliche Lehre über das Verhältnis von Gnade und Freiheit von den apostolischen Zeiten bis auf Augustinus, Friburgo, 1856, 1860; Hammer, Des h. Gregor von Nazianz Lehre von der Gnade, Kempten, 1890; Schöll, Die Lehre des h. Basilius von der Gnade, Friburgo, 1881; A. Koch, Die Autorität des h. Augustin in der Lehre von der Gnade und Prädestination, em Tübinger Quartalschrift, 1890, 1891.

5º Sacramentos. — Ver acima, no parágrafo sobre a Teologia Dogmática, as obras importantes de Schanz e de Gihr. Indiquemos ainda: Döllinger, Die Lehre von der h. Eucharistie nach den Kirchenvätern der drei ersten Jahrhunderte, Mainz, 1826; Hopfenmiller, S. Irenäus de Eucharistia..., Bamberg, 1867; Nagle, Die Eucharistielehre des h. Chrysostomus, em Strassburger theol. Studien, t. III, fasc. IV e V, Friburgo, 1900, etc.

6º Igreja. — Söder, Der Begriff der Katholizität der Kirche und der Glaubens nach seiner geschichtlichen Entwicklung dargestellt, Würzburg, 1881; Specht, Die Einheit der Kirche nach dem h. Augustinus, 1885; o mesmo, Die Lehre von der Kirche nach dem h. Augustinus, Paderborn, 1892.

7º Escatologia. — Atzberger, Geschichte der christlichen Eschatologie innerhalb der vornizänischen Zeit, Friburgo, 1896, dando sequência à obra do mesmo autor: Die christliche Eschatologie in den Stadien ihrer Offenbarung, Friburgo, 1890.

8º Mariologia e culto dos santos. — A. Schäfer, Die Gottesmutter in der h. Schrift, Münster, 1887; A. V. Lehner, Die Marienverehrung in den ersten Jahrhunderten, 2ª ed., Stuttgart, 1886. Ver também as obras arqueológicas de Kraus, Liell, Wilpert, etc.; Beissel, Die Verehrung der Heiligen und ihrer Reliquien in Deutschland bis zum Beginn des XIII Jahrhunderts, Friburgo, 1890; G. Kolb, Wegweiser in die Marianische Literatur, Friburgo, 1888; Suplemento, 1900. Para o conjunto, ver acima: Teologia Dogmática, Patrologia, História da Teologia.

X. ARQUEOLOGIA CRISTÃ.

A história dos estudos de arte e de arqueologia cristã na Alemanha está ligada ao movimento regenerador da vida religiosa e literária da primeira metade deste século, bem como ao renovo da arqueologia cristã na França e na Itália. O romantismo teve grande parte nisso. J. Görres, A. Reichensperger e outros restauraram a honra da arte gótica da Idade Média, o professor Kraus, de Friburgo, Mons. de Waal e sua escola, no Campo Santo dos Alemães em Roma, continuaram o movimento inaugurado pelo ilustre De Rossi em favor da arte cristã antiga e ao qual a própria ciência protestante não soube resistir. Citemos entre as obras mais importantes: F. X. Kraus, Realenzyklopädie der christlichen Altertümer, 2 vol., Friburgo, 1879-1886; Roma sotterranea, Friburgo, 1873; 2ª ed., 1879, e a excelente Geschichte der christlichen Kunst, Friburgo, 1895 ss., t. I, II, do mesmo autor, a primeira obra desse gênero à qual é preciso juntar a Allgemeine Kunst-Geschichte do Pe. Kuhn, de Einsiedeln, que está sendo publicada no momento, e a obra similar mais sucinta de Ad. Fah, Friburgo, 1887 ss.; E. Frantz, Geschichte der christlichen Malerei, 3 vol., Friburgo, 1887 ss.; H. Detzel, Christl. Ikonographie, 2 vol., Friburgo, 1894-1896. Devemos uma série de preciosas monografias sobre a arte das catacumbas a Mons. Wilpert, que defendeu em dois importantes estudos, Prinzipienfragen der christl. Archäologie, Friburgo, 1889, 1890, os princípios de interpretação da escola católica.

Grandes publicações estatísticas e descritivas, em parte ricamente ilustradas, como as do professor Kraus sobre os monumentos da Alsácia-Lorena, são publicadas nas diferentes partes da Alemanha sob os auspícios dos ministérios públicos. Os grandes museus nacionais de Berlim, Munique e Nuremberg, alguns museus diocesanos contribuem, por sua parte, com as revistas arqueológicas e artísticas, como a Zeitschrift für christl. Kunst, Düsseldorf, 1888 ss., e a Römische Quartalschrift, Roma, 1889 ss., para o desenvolvimento dos estudos arqueológicos na Alemanha. Encontrar-se-á uma nomenclatura detalhada dos trabalhos mais recentes em: L'archéologie chrétienne en Allemagne, rapport fait au congrès bibliographique international de Paris por Eug. Muller, Paris, 1899.

XI. TEOLOGIA MORAL.

Os teólogos alemães dos séculos XVII e XVIII voltaram-se de preferência para a moral. Temos a assinalar aqui alguns importantes trabalhos que se distinguem todos por um caráter casuístico e jurídico mais ou menos pronunciado. São eles a Theologia moralis, de Layman (+ 1635), Munique, 1625, 4 vol. in-4°; de Patr. Sporer (+ 1681), ed. de Veneza, 1731; a Medulla theologiae moralis, de Busenbaum (1645), que, graças à sua concisa precisão e ao seu espírito eminentemente prático, teve nada menos que quarenta e cinco edições em vinte e cinco anos. P. Lacroix (+ 1714) a comentou e Santo Afonso de Ligório nela se inspirou mais tarde.

Na época das grandes lutas entre o probabilismo dos jesuítas e o rigorismo dos jansenistas, os moralistas alemães buscaram em boa parte um caminho intermediário. A. Reiffenstuel, dos frades menores, seguiu em sua Theologia moralis, Munique, 1692, com tendências jurídicas e casuísticas muito acentuadas, os passos de Sporer. Entre as outras teologias morais, publicadas em grande número nessa época, citemos as de Ap. Holzmann, Kempten, 1737, 3 in-fol.; de Elbel, Augsburgo, 1750, 1751, e sobretudo de Eusebe Amort, Augsburgo, 1758, 2 vol. in-4°. Esta última marca um progresso sensível no método. As matérias puramente jurídicas são eliminadas; mas o elemento especulativo ainda não encontrou nela o lugar que lhe cabe.

A reação da época josefinista, ao colocar no lugar da teologia moral uma espécie de ética filosófica, extraída do racionalismo de Kant e Fichte, não só ultrapassou seu objetivo do ponto de vista metodológico, mas deu origem a obras de uma vulgaridade incomparável.

Stattler, Ethica christianorum communis, 3 vol., Augsburgo, 1782, 1802, e M. Sailer, Handbuch der christl. Moral, 3 vol., Munique, 1818; Sulzbach, 1834, entre outros, inauguraram o retorno às sãs tradições do passado, ao mesmo tempo em que se esforçaram para responder às novas necessidades de sua época. A moral de Hirscher, professor em Friburgo-em-Brisgóvia, cujos princípios dogmáticos se depuraram com o tempo, fez a teologia moral, enquanto se distingue da casuística, progredir novamente. Nem tudo nela é perfeito. Mas um sopro de vida e um espírito de sã e cristã especulação a anima. Klee, Probst, C. Martin, Ch. Werner, Friedhoff, Simar, Prunner (tradução francesa por Bélet, Paris, 1880, 2 vol.), Jos. Schmid, Schwane, Linsenmann, e outros contribuíram, por sua parte, para dar um caráter mais sistemático, mais especulativo, mais científico à teologia moral. Uma história aprofundada da ética cristã que possa servir de base a uma construção positiva da moral, respondendo às necessidades de nossa época e aos esforços tentados desse lado pelo racionalismo, ainda nos falta.

Entre as últimas publicações que se ligam com honra às tradições da escola, resta-nos nomear as de Lehmkuhl, Theologia moralis, 2 vol., Friburgo-em-Brisgóvia, 1884; 9ª ed., 1899; de Aertnys, Tournai, 1887; Paderborn, 1890; de Rappenhoner, e de Göpfert, 2ª ed., Paderborn, 1898, 3 vol.

XII. TEOLOGIA PASTORAL.

1º Teologia pastoral no sentido amplo.

A teologia prática ou teologia pastoral, no sentido amplo da palavra, abrangendo em seu conjunto a exposição das regras a serem seguidas pelo sacerdote no cumprimento de sua tríplice missão: didática (catequética e homilética), litúrgica (liturgia) e pastoral (teologia pastoral propriamente dita), foi desde os primeiros tempos da Igreja, embora sob uma forma mais popular, objeto de importantes escritos. Na Idade Média, além dos tratados de São Bernardo e de São Boaventura, de São Lourenço Justiniano, de Santo Antonino, os de Rabano Mauro que nos interessam aqui especialmente: De institutione clericorum et caeremoniis ecclesiasticis; De divinis sacramentis, formam verdadeiros manuais de teologia prática. Nos tempos modernos, as Instructiones pastorum de São Carlos Borromeu, as Instructiones practicae de Löhner fizeram muito bem na Alemanha. Só a partir de 1777, no entanto, é que a pastoral se tornou, como ramo especial da teologia, objeto do ensino eclesiástico. O josefismo corrompeu seu espírito, como havia feito com todo o resto. Mas já em 1788, Sailer a inspirou com suas Vorlesungen aus der Pastoraltheologie, e mais tarde (1809-1811) com suas Neue Beiträge zur Bildung der Geistlichen, 5ª ed., Sulzbach, 1835, um novo fôlego. Sailer, emancipando-se cada vez mais do espírito de seu tempo, exerceu assim a mais salutar influência nas gerações seguintes; cada nova edição de sua Pastoral marcava um novo progresso nesse sentido. Um de seus melhores discípulos, J. Widmer, professor em Lucerna, publicou, em 1840, em Augsburgo, uma série de Vorträge über Pastoraltheologie, animados pelo melhor espírito. Seguiram-se as obras de Amberger, Ratisbona, 1851; 4ª ed., 3 vol., 1883; de Benger, Ratisbona, 1861-1863, 3 vol.; 2ª ed., 1890; de Kerschbaumer; de Gassner; de Schüch, Linz, 1865; 14ª ed., 1899; de Probst, Theorie der Seelsorge, Breslau, 1883; 2ª ed., 1885; de Renninger-Göpfert, Friburgo, 1893, e de Prunner, Paderborn, t. I, 1900.

2º Catequética.

A catequética em particular, cuja história tem sido muito estudada nos últimos anos na Alemanha (cf. Thalhofer, Entwicklung des katholischen Katechismus in Deutschland von Canisius bis Deharbe, Friburgo, 1899, e as obras de J. Mayer, Moufang, Göbl, Probst, Geschichte der kathol. Katechese, Breslau, 1886, Schöberl, etc.), tem sido objeto de numerosos trabalhos. Quando, após a invenção da imprensa, puderam ser colocados nas mãos do povo manuais de instrução religiosa, servindo de base ao ensino oral, eruditos teólogos dedicaram suas forças à composição de catecismos populares. J. Dietenberger publicou o primeiro catecismo em língua alemã, em Mainz, no ano de 1534, um modelo do gênero; o dominicano espanhol Pedro Soto, professor na universidade de Dillingen, um catecismo latino em forma de questionário, traduzido logo para o alemão (1549); o bem-aventurado Pedro Canísio, em 1555, sua célebre Summa doctrinae christianae, cujo extrato, sob o título de Institutiones christ. pietatis, sive parvus catechismus (1561), foi traduzido para o alemão (Dillingen, 1563), e serviu por muito tempo como manual popular.

Os catecismos da época josefinista são tão superficiais quanto numerosos. Entre os manuais e comentários mais usados em nossos dias, citemos os de J. Deharbe e de Spirago, aos quais se devem juntar os Précis d'Histoire sainte, com comentários, de Schuster e de Knecht.

A Alemanha possui, além disso, uma rica coleção de excelentes manuais de instrução religiosa destinados ao ensino superior dos colégios; tais como os de König, Friburgo, 1881 ss.; de Wilmers, Friburgo, 2 vol. 1897-1899; 3ª ed., Ratisbona, 1891 (além de seu Lehrbuch, mais extenso, destinado aos professores, 4ª ed., Münster, 1886); de Wedewer (Friburgo); de Dreher (Munique e Friburgo); de Becker (Friburgo), o Lehrbuch bávaro, etc.

Adicionemos imediatamente a estes últimos os diretórios de instrução religiosa superior de Walter, Ratisbona, 1893; de Liessem, Münster, 1898, e de Brunner, Munique, 1898, bem como a nova revista: Monatsblätter für den kath. Religions-Unterricht an höheren Lehranstalten, publicada em Colônia, 1900 ss.

Para a catequética popular, é preciso citar, após Possevin, Epistola ad Ivonem..., Ingolstadt, 1583, e Löhner, Instructio practica, Dillingen, 1682, os nomes de Overberg, o grande restaurador da catequese, Anleitung zum zweckmässigen Schulunterricht, Münster, 8ª ed., 1844; Religionshandbuch, 2 vol., Münster, etc.; H. Gruber, Katechetische Vorlesungen..., Salzburgo, 1838; 2ª ed., 1838; Praktisches Handbuch der Katechetik, Salzburgo, 1832, continuado por H. Schwarz, O.S.B., 7 vol., Ratisbona, 1876-1885, e de J. B. Hirscher, cuja Katechetik, Tubinga, 1831, escrita com calor e profunda convicção da grandeza do magistério sacerdotal, exerceu a mais feliz influência e foi em menos de dez anos quatro vezes editada.

3º Homilética.

A homilética já é tratada na Idade Média no escrito de Rabano Mauro, De institutione clericorum, l. III; no século XVI por Jerônimo Dungersheim, 1513, De modo praedicandi; Humberto, O.P., De eruditione concionatorum; por Reuchlin e Erasmo, como representantes do humanismo, e Ulrich Surgant. Tornada, por volta do fim do século XVIII, ramo especial do ensino, foi em nossos dias cultivada com sucesso por Kleutgen, Ars dicendi, Bonn, 1847; J. Lutz, Tubinga, 1851, e sobretudo por J. Jungmann, Theorie der geistlichen Beredsamkeit, 2 vol., Friburgo, 1877; 2ª ed., 1884; N. Schleiniger, Die Bildung des jungen Predigers, Friburgo, 1861; 4ª ed., 1891, e uma série de outras obras; F. Hettinger, Aphorismen über Predigt u. Prediger, Friburgo, 1888, etc. Entre as melhores edições e coleções de sermões, citemos as de Förster, de Ehrle, de Eberhard, de Schleiniger, a Bibliothek de Ress e Weiss, Frankfurt, 1849 ss., de Hungari, Musterpredigten, Frankfurt, 3ª ed., 25 vol., 1859, e de Scherer, 3ª e 4ª ed., Friburgo, 1888 ss., 8 vol.

A história da pregação na Alemanha foi tratada por Cruel (Detmold, 1879), Probst (Breslau, 1884), Linsenmayer (Munique, 1886 e 1889), Jostes, Landmann, etc.

4º Liturgia.

A liturgia, enquanto pertencente à teologia prática, tomou na restauração carolíngia um lugar muito importante. Foi ainda Rabano Mauro quem, na Alemanha, e notadamente em Fulda, fez florescer os estudos litúrgicos. Seu discípulo Walafrido Estrabão, abade de Reichenau, deu em seu De rerum ecclesiasticarum exordiis et incrementis, uma preciosa contribuição à história da liturgia, enquanto Amalário de Metz (+ 857), ao dedicar a Luís o Piedoso seu livro: De ecclesiasticis officiis, expôs-se a vivas críticas de seus contemporâneos por causa do «subjetivismo de suas interpretações», mas nem por isso exerceu menor influência sobre toda a Idade Média. Mais tarde, Berno de Reichenau (+ 1048), Roberto de Deutz (+ 1135) (ver também os sermões de Bertoldo de Ratisbona + 1272), Dionísio o Cartuxo (+ 1471) e Gabriel Biel (+ 1495) publicaram escritos litúrgicos.

A Reforma, contra a qual um conhecimento mais aprofundado da liturgia católica teria sido uma arma poderosa, contribuiu, ao menos por sua oposição ao culto tradicional, para reviver os estudos litúrgicos. Berthold de Chiemsee (+ 1543) e Georg Witzel (+ 1573) opuseram ao protestantismo uma explicação popular da liturgia católica. O estudo científico dos antigos monumentos da liturgia foi inaugurado na Alemanha católica por Georg Cassander (falecido em Colônia, 1566), Liturgica, Colônia, 1561; Johannes Cochlaeus (+ 1552), Speculum antiquae devotionis, Mainz, 1549; M. Hittorp (+ 1584), em sua rica coleção de escritos litúrgicos da Idade Média, Colônia, 1568. Os séculos XVII e XVIII, a época clássica das grandes publicações litúrgicas, não viram surgir nenhuma obra importante na Alemanha (nomeemos, no entanto, os escritos arqueológicos de J. Gretser, Ratisbona, 1734-1741, 17 fol.), até que Martin Gerbert de Saint-Blaise publicasse o resultado de suas longas e infatigáveis pesquisas, em suas inestimáveis obras: De cantu et musica sacra..., Saint-Blaise, 1774, 5 vol. in-4°; Vetus liturgia alemannica, 1776, 2 in-4°; Monumenta veteris liturgia alemannica, 1779, 2 in-4°. Seus Principia theologiae liturgicae, Augsburgo, 1759, 1 vol. in-8°, podem ser considerados o primeiro manual de liturgia. O naturalismo da época josefinista foi fatal sobretudo para a liturgia. Uma verdadeira mania de «reforma litúrgica» havia se apoderado dos espíritos. Os escritos da época são, em sua maioria, sem valor. Citemos entre os «reformadores», Blau (+ 1798), Dorsch (+ 1819), Graser (+ 1841), Werkmeister (+ 1823), Wessenberg (+ 1860); entre seus adversários Goldhagen (+ 1794), Ed. Menne, Die Liturgie der Kirche, Augsburgo, 1810, 3 vol., Her. Hayd (+ 1873).

A regeneração do catolicismo e sobretudo o renovo dos estudos históricos e arqueológicos levou, por volta de 1830, a uma restauração da ciência litúrgica. Th. Lienhart de Estrasburgo acabava de publicar (1829) seu opúsculo, De antiquis liturgiis. Em 1832 apareceu a 1ª edição, ainda imperfeita na verdade, da Liturgik der christkatholischen Religion, de X. Schmid (+ 1871), Passau, 2 vol., refundida mais tarde na 3ª edição (1840-1842) e que se tornou o ponto de partida de uma série de publicações sistemáticas e científicas do mesmo gênero, tais como a Liturgik, de J. B. Luft (+ 1870), Mainz, 1844-1847, 2 vol., e a de Fluck (+ 1865), Ratisbona, 1853-1855, 2 vol. A Liturgia sacra, de Märzohl e Schneller, Lucerna, 1834-1843, 5 vol. in-8°, é uma rica coleção de materiais litúrgicos. Finalmente, Thalhofer (+ 1891) em seu Handbuch der kathol. Liturgik, Friburgo, 1883-1893, 2 vol., fornece um trabalho de conjunto ao mesmo tempo sistemático, histórico e ricamente documentado. Um grande número de monografias são devidas à pena do professor Probst de Breslau, de Kreuser, Hettinger, W. A. Maier, Bickel, N. Gihr (santa missa), B. Schäfer, Hoffmann (eucaristia), Lorinser, Tappehorn (penitência), Heimbucher (confirmação e extrema-unção). Ver também as obras dogmáticas de Schanz, Friburgo, 1893, e de Gihr, sobre os sacramentos, Beringer (indulgências), Kehrein, Bäumker e Schulte (hinologia), Hartmann (rubricas).

5º Pastoral no sentido estrito.

As questões de pastoral no sentido estrito da palavra, referindo-se tanto à vida sacerdotal em si mesma, quanto à ação do sacerdote na vida privada e pública dos fiéis e notadamente sobre a família, a escola, a imprensa, as múltiplas organizações sociais, o cuidado dos pobres e dos doentes, a preservação intelectual e moral dos fracos contra os perigos da corrupção social, sob qualquer forma que se apresente, a luta ativa contra essa corrupção em si mesma, em uma palavra, todas as questões de pastoral individual e social foram tratadas seja nas obras de pastoral citadas acima, seja em monografias mais ou menos extensas, mais ou menos científicas ou populares. É um terreno onde resta muito a fazer. As necessidades, os novos perigos, a situação da Igreja diante das grandes questões sociais que agitam o presente, impõem ao clero grandes deveres. Não é de surpreender se nos numerosos artigos de revistas que tocam a pastoral, a ação social do clero ocupa um lugar importante. Mas nos falta sobre este assunto um livro que responda completamente às exigências de nossa época, baseado ao mesmo tempo em sólidos princípios teológicos e uma madura experiência.

Como diretórios da vida sacerdotal, citemos as obras de Fr. Hurter, Die Pflichten des Priesters, 2ª ed., Schaffhausen, 1844; de Lorinser, Geist u. Beruf des kath. Priestertums, Ratisbona, 1858; de Holzwarth, Handbücher für das priesterliche Leben, 13 partes, Schaffhausen, 1865 ss.; de Kugler-Vogel, Der Priester, 3ª ed., Ratisbona, 1886; de Cramer, Der apostolische Seelsorger, 2ª ed., Dülmen, 1890. Para a pedagogia é preciso citar Overberg, Sailer, 1831; Dürsch, 1851; J. Kehrein, Handbuch der Erziehung..., 1876; 7ª ed., 1890; Ohler, Handbuch der Erziehung..., 3ª ed., Mainz, 1878; Rolfus e Pfister, Realencyklopädie der Erziehung u. des Unterrichtswesens nach kathol. Prinzipien, 5 vol., Mainz, 1884, bem como as duas bibliotecas de obras pedagógicas que aparecem desde 1888 em Friburgo (Herder) e em Paderborn (Schöningh). A administração das paróquias no sentido mais amplo da palavra é objeto de uma biblioteca manual destinada às dioceses da Baviera: Handbibliothek für die pfarramtliche Geschäftsführung im Königreich Bayern, publicada por L. H. Krich, Passau, 1895 ss., 4 vol. (1. administração propriamente dita; 2. caridade pública; 3. administração temporal; 4. escolas).

A parte tomada pelo clero alemão no movimento social contemporâneo é, como se sabe, bastante considerável. Notemos aqui os escritos de Ketteler, Die Arbeiterfrage und das Christentum, 4ª ed. com introdução de Windthorst, Mainz, 1890; de Hitze, Die soziale Frage, Paderborn, 1877; Kapital u. Arbeit, 1880; Die Arbeiterfrage und die Bestrebungen zu ihrer Lösung, 3ª ed., 1900; de Ratzinger, Die Volkswirtschaft, 1882; de Albertus, Die Sozialpolitik der Kirche, 1884; de Eberle, Sozialpolitische Fragen der Gegenwart (ver sobretudo para a ação social do clero, p. 104-166), Stans, 1889; de Winterer, Die soziale Frage, beleuchtet durch die Stimmen aus Maria-Laach, Friburgo, 1891 ss., 13 fascículos (ver sobretudo fasc. IV; Lehmkuhl, Die soziale Not und der kirchliche Einfluss, 1892), bem como as publicações do Volksverein für das katholische Deutschland.

O sacerdote ao leito do doente: tal é o assunto de um certo número de manuais práticos publicados por Falger, Münster, 1867; Feller, Augsburgo, 1879; Hettinger, 4ª ed., Friburgo, 1893, etc. Adicionemos a eles as obras de medicina pastoral de Stöhr, 2ª ed., Friburgo, 1882; Capellmann, Aachen, 10ª ed., 1895; 3ª ed. latina, 1892; Marx, Paderborn, 1894, e a Pastoral-Psychiatrie de Familler, Friburgo, 1898.

XIII. DIREITO CANÔNICO.

Os estudos de direito canônico beneficiaram-se desde o século XV do renovo das ciências históricas. O elemento histórico, o estudo crítico das fontes, já inaugurado por Nicolau de Cusa, tornou-se parte integrante da ciência canônica. Continuou-se, é verdade, a dar ao lado puramente jurídico e prático uma lugar preponderante no ensino como na exposição escrita, comentando o Corpus juris. Por outro lado, um grande número de questões canônicas era tratado na teologia moral que tomava em si mesma um caráter jurídico fortemente acentuado (ver acima). No entanto, as primeiras obras de direito canônico que temos a citar, as de H. Canisius, Summa juris canonici, Ingolstadt, 1588 ss., in-4°; de P. Laymann, S.J., Jus canonicum, Dillingen, 1666; de J. Streinius, Summa juris canonici, Colônia, 1658; de H. Pirhing, Jus canonicum, Dillingen, 1674, 5 vol. in-fol., já tendem a se aproximar de uma forma mais sistemática.

O século XVIII cultivou o direito canônico com predileção. Jesuítas e beneditinos rivalizaram em zelo no estudo das decretais. Entre os primeiros nomeemos F. Schmalzgruber, Jus ecclesiasticum universum, Dillingen, 1719, 6 vol. in-4°, e V. Pichler, Jus canonicum practice explicatum, Ingolstadt, 1728, in-4°; entre os últimos, Fr. e Ben. Schmier, Commentarii in libros V Decretalium, Salzburgo, 1718-1722, 5 vol. in-4°; Commentarius in jus canonicum universum, Salzburgo, 1735, 3 vol. in-fol.; Greg. Zallwein, Principia juris ecclesiastici, Augsburgo, 1763, 4 vol. in-4°. É preciso juntar a eles o franciscano A. Reiffenstuel, Jus canonicum universum, Veneza, 1717, 5 vol. in-fol., e o premonstratense H. Schnorrenberg, Institutiones juris canonici, Colônia, 1740. A obra mais marcante, embora os traços do movimento josefinista já se façam sentir nela, é a de Zallwein. Duas características a distinguem: seu espírito sistemático e o lugar importante dado ao direito eclesiástico alemão. O canonista J. C. Barthel, de Würzburg, o havia precedido nesta última via em uma série de monografias, tais como a Historia pacificationum Imperii circa religionem, Würzburg, 1736, De jure reformandi, Würzburg, 1744, enquanto o jesuíta J. Binner, em seu Apparatus eruditionis ad jurisprudentiam praeser lim ecclesiasticam, Augsburgo, 1752 ss., 13 vol. in-4°, acabava de reunir tudo o que havia podido acumular de materiais para o estudo do direito canônico do ponto de vista ao mesmo tempo escolástico e histórico.

Sob a influência do galicanismo e, notadamente, do direito eclesiástico de Van Espen, Jus ecclesiast. universum, Colônia, 1702; Mainz, 1791, o coadjutor de Tréveris, Nicolas de Hontheim († 1790), publicou em 1763, sob o pseudônimo de Febrônio, seu livro: De statu Ecclesiae et legitima potestate Rom. pontificis, que tendia a nada menos que destruir pela base a organização monárquica da Igreja e a subjugá-la ao poder absoluto do Estado. Encontrou adversários nos jesuítas Kleiner, Zech, Schmidt, etc.; mas correspondia demais ao espírito do tempo para não exercer na Alemanha uma enorme influência. A história e a filosofia racionalista da época deviam contribuir para recolocar o direito eclesiástico sobre novas bases, ou melhor, segundo o que pretendiam os legistas josefinistas, sobre a base da antiguidade cristã. As instituições de direito canônico animadas pelo espírito de Febrônio logo proliferaram. As de J. P. Riegger, professor em Friburgo-em-Brisgóvia, depois em Viena, 4 vol., 1768 ss., ainda têm um certo valor; Rautenstrauch (1776), Eybel (1777), Lochstein, etc., caíram no profundo esquecimento que mereceram mais do que demais.

Em 1822, apareceu em Bonn a primeira edição do Lehrbuch des Kirchenrechtes mit Berücksichtigung der neuesten Verhältnisse, de F. Walter († 1879), 14ª ed., 1871. A evolução que se havia operado nas ideias, o renovo da vida católica que se preparava na Alemanha, o retorno às sãs tradições do passado que uma elite de espíritos curados do racionalismo da época josefinista e revolucionária logo inscreveria em seu programa de ação, já encontravam sua expressão neste livro, escrito, aliás, em um espírito de grande moderação. Em torno do grande Görres, que em 1838 lançava ao público, para a defesa da liberdade da Igreja, seu Athanasius, formava-se toda uma escola de juristas, ao mesmo tempo historiadores e filósofos, que proclamaram altamente o restabelecimento da potência e da liberdade da Igreja, como condição indispensável da regeneração social e política da Alemanha. As Historisch-politische Blätter, fundadas por Görres e Phillips, em 1832, serviram de órgão a esse movimento. F. J. Buss, professor de direito civil e eclesiástico em Friburgo, espírito fecundo e universal, foi, por seus numerosos escritos, Über den Einfluss des Christentums auf die Lehre von Recht u. Staat, Friburgo, 1845, etc., sua atividade social e política um dos principais promotores. A luta puramente científica foi conduzida por E. de Moy, o fundador do Archiv für katholisches Kirchenrecht, Innsbruck, 1857 ss., depois Mainz, em sua Philosophie des Rechts auf katholischem Standpunkte, 2 vol., Viena, 1854-1856, e o próprio Walter em sua Juristische Encyklopädie, Bonn, 1856, e seu Naturrecht u. Politik, 1863.

Phillips, o digno colaborador de Görres, chamado como ele pelo rei Luís I a uma cátedra da universidade de Munique, publicava em 1845 o 1º volume de sua célebre obra: Kirchenrecht, 8 vol., Ratisbona, 1845-1869. Era um evento para a ciência católica. A um conhecimento aprofundado das fontes, a uma concepção verdadeiramente científica de seu assunto, o autor unia uma perfeita ortodoxia. As relações da Igreja e da sociedade foram tratadas com uma amplitude de vistas e uma solidez de doutrinas notáveis. Phillips condensou ele mesmo em um manual mais sucinto, destinado ao ensino, o resultado de seus estudos, Lehrbuch des Kirchenrechts: Ratisbona, 1859-1862, 2 vol.; 8ª ed. por Moufang, 1881. Ao mesmo tempo, J. Fr. de Schulte editava seu System des allgemeinen kathol. Kirchenrechts, 2 vol., Gießen, 1856, seguido de um manual (1863) cuja 3ª edição (1873) deveria infelizmente carregar as marcas do velho-catolicismo. Outros manuais mais ou menos extensos, com um caráter ao mesmo tempo científico, sistemático e prático, seguiram: tais como os de Vering, Friburgo, 1876; 8ª ed., 1893 (muito completo); de Silbernagl, Ratisbona, 1880; 2ª ed., 1889; de Lammer, Graz, 1886; 2ª ed., 1892; de Scherer, Graz e Leipzig, 2 vol., 1886-1891; de Ph. Hergenröther, Friburgo, 1888, e de Heiner, Paderborn, 1893-1894, 2 vol.

O direito matrimonial, em particular, cultivado com predileção no começo do século em virtude das ingerências do Estado na legislação do casamento, foi objeto de uma série de trabalhos de conjunto por parte de Roskovány, Viena, 1837; Schulte, Gießen, 1855; Kreuzer, Tubinga, 1869; Heiner, Münster, 1889.

XIV. ENCICLOPÉDIA TEOLÓGICA.

Sob este título compreende-se hoje ou um conjunto de conhecimentos teológicos abrangendo os diferentes ramos da ciência sagrada e agrupado segundo alguma norma, por ordem das matérias, ou por ordem alfabética (enciclopédia "material"), ou uma exposição sistemática dos princípios, do método, do organismo das ciências teológicas (enciclopédia "formal"). O que caracteriza a primeira é a riqueza, a abundância dos materiais que ela fornece; o que faz a própria essência da segunda é a unidade ideal, filosófica, à qual ela remete a multiplicidade dos conhecimentos teológicos.

Todas as épocas tiveram seus enciclopedistas; mas é próprio dos períodos de transição, onde o gênio criador da época precedente deixa de ser fecundo, onde se sente a necessidade de conservar, de reunir, de transmitir a uma nova época os tesouros do passado, de afeccionar sobretudo este gênero de trabalho intelectual.

O fim da época patrística, marcando a passagem à teologia escolástica, um longo período, na verdade, nos oferece ao lado das Instituições de Cassiodoro († 569), das "Etymologiae" de Isidoro de Sevilha († 636), das obras de Beda, o Venerável († 735), o De universo e o De institutione clericorum, de Rabano Mauro († 856), a Imago mundi, de Bernoldo de Saint-Blaise († 1100), o Hortus deliciarum, de Herrada de Landsperg († 1195), onde a teologia é tratada em parte com a ajuda das ciências profanas que lhe servem de base.

Dionísio o Cartuxo foi o enciclopedista por excelência do terceiro período escolástico.

Para o século XVII citemos o erudito, mas paradoxal, Caramuel de Lobkowitz, O. Cist. († 1682), coadjutor do arcebispo de Praga, cuja Theologia intentionalis, — praeter-intentionalis, — naturalis, — rationalis, — moralis, — regularis e a Encyclopedia concionatoria formam uma vasta enciclopédia dos diferentes ramos teológicos.

Gerbert de Saint-Blaise († 1793) em seus Principia theologiae exegeticae, — dogmaticae, — moralis, — liturgicae, etc., 1757 ss., que ele havia precedido com o Apparatus ad eruditionem theologicam (1754) e o De recto et perverso usu theologiae scholasticae (1756), é, para a segunda metade do século XVIII, o representante da teologia enciclopédica. Seu objetivo não é tanto oferecer uma grande abundância de materiais quanto estabelecer um plano completo de teologia e, ao ampliar o quadro dos estudos eclesiásticos, dar ao estudo das fontes positivas do dogma o lugar que lhes convém.

A partir desse momento, as questões de introdução, de método, de divisão sistemática da teologia foram tratadas com predileção: a enciclopédia "formal" tomava seu lugar como ramo especial da ciência sagrada. Não é que a necessidade de uma "metodologia teológica" já não tivesse se feito sentir desde o início da era moderna. Depois de Gerson († 1429) e Nicolas de Clémanges († 1440), Erasmo de Roterdã havia, em 1520, em sua Ratio et methodus compendio perveniendi ad veram theologiam, pedido o retorno ao método positivo. A obra do jesuíta Possevin († 1611), Bibliotheca selecta, in qua agitur de ratione studiorum in historia, in disciplinis, in salute omnium procuranda, havia sido, poucos anos após seu aparecimento (Roma, 1592), reimpressa na Alemanha, Colônia, 1607, assim como o Apparatus ad positivam theologiam methodicus de Pierre Annatus († 1715), Paris, 1701; 2ª ed., Würzburg, 1726.

Em 1786, apareceu Encyclopedia et methodologia theologica, de F. Oberthür († 1832), retrabalhada mais tarde em língua alemã sob o título de: Theologische Encyclopädie, Augsburgo, 1828, 2 vol., e de: Methodologie der theologischen Wissenschaften, Augsburgo, 1828, em suma, mais notável por sua extensão do que por sua profundidade.

O século XIX finalmente viu aparecer uma série de trabalhos mais compactos, mais concisos, mais sistemáticos e mais sólidos, tais como os de Drey († 1853), Kurze Einleitung in das Studium der Theologie mit Rücksicht auf den wissenschaftlichen Standpunkt u. das kathol. System, Tubinga, 1819; de Klee († 1840), Encyklopädie der Theologie, Mainz, 1832; de Staudenmaier († 1856), Encyklopädie der theol. Wissenschaften als System der gesamten Theologie, Mainz, 1834; 2ª ed., 1840; de Wirthmüller, Landshut, 1874; de Kihn, Encyklopädie und Methodologie der Theologie, Friburgo; 1892 (com numerosas indicações bibliográficas), e de Krieg, Friburgo, 1899, bem como o Timotheus, Briefe an einen jungen Theologen, de Hettinger, 2ª ed., revista por A. Ehrhard, Friburgo, 1897.

A Alemanha católica possui igualmente para a teologia um repertório enciclopédico de primeira ordem na obra publicada por Wetzer e Welte: Kirchenlexikon, 1ª ed., Friburgo, 1846-1860, 12 vol. (traduzido para o francês por Goschler); 2ª edição sob a direção de Hergenröther e Kaulen, 1886 ss. Tinha sido precedido pelo Kirchenlexikon de Aschbach, Mainz, 4 vol., 1846-1850. Finalmente as Bibliotecas teológicas de Herder (Friburgo) e de Schöningh (Paderborn), formam cada uma um conjunto de obras teológicas que equivale a uma vasta enciclopédia e dão uma alta ideia do desenvolvimento atual das ciências sagradas na Alemanha. Citemos para terminar os repertórios de bibliografia teológica, tais como o Thesaurus librorum rei catholicae, 2 vol., Würzburg, 1848-1850, seguido de um suplemento e de uma tabela sob o título de Theologisches Fach-und Sachregister, Würzburg, 1850; o Systematisch geordnetes Repertorium der katholisch-theologischen Literatur, welche in Deutschland, Österreich und der Schweiz seit 1700 bis zur Gegenwart erschienen ist., de D. Gla, t. I, Paderborn, 1895; para o período de 1870 a 1897, a Bibliotheca Theologiae et Philosophiae catholicae de Korff, Munique, 1897.

XV. REVISTAS.

Para completar o quadro acima, daremos a enumeração das principais revistas que servem de órgãos ao movimento teológico contemporâneo.

I. REVISTAS BIBLIOGRÁFICAS E CRÍTICAS.

Literarischer Handweiser, zunächst für alle Katholiken deutscher Zunge, publicado e redigido por F. Hülskamp, Münster, 1862 ss., 24 fascículos por ano.

Literarische Rundschau für das katholische Deutschland, publicada por G. Hoberg, Friburgo, fundada por Köhler, em 1875, redigida mais tarde por Stamminger, 1878-1884, depois por C. Krieg, 1884-1894, 12 números por ano.

II. REVISTAS CIENTÍFICAS E LITERÁRIAS ABRANGENDO IGUALMENTE A TEOLOGIA.

Stimmen aus Maria-Laach, katholische Blätter, Friburgo, 1865 ss., 12 fascículos por ano, redigidas pelos padres jesuítas.

Historisch-politische Blätter für das kathol. Deutschland, publicados por Ed. Jörg, Munique, 1838 ss., 12 fascículos por ano: revista fundada por Görres, Phillips, Möhler, etc., para a defesa dos interesses católicos.

Natur und Offenbarung, Organ zur Vermittlung zwischen Naturforschung und Glauben, Münster, 1854 ss., 12 fascículos por ano.

Natur und Glaube, publicado por J. E. Weiss, Passau, 1897 ss., 12 fascículos por ano.

III. REVISTAS TEOLÓGICAS.

Theologische Quartalschrift, in Verbindung mit mehreren Gelehrten, publicada pelos professores de teologia da universidade de Tubinga, Tubinga, 1819 ss., 4 fascículos por ano.

Der Katholik, Zeitschrift für kathol. Wissenschaft und kirchliches Leben, publicado por J. M. Rauch, com a colaboração dos professores do seminário episcopal de Mainz e do liceu episcopal de Eichstätt, Mainz, 1821 ss., 12 fascículos por ano, fundado por A. Räss, mais tarde bispo de Estrasburgo e N. Weiss, mais tarde bispo de Espira, ambos professores no grande seminário de Mainz.

Strassburger theologische Studien, publicado por A. Ehrhard e E. Muller, Friburgo-Estrasburgo, 1892 ss., fascículos que aparecem livremente, dos quais quatro formam 1 volume. 3 volumes apareceram até agora.

IV. REVISTA BÍBLICA.

Biblische Studien, publicadas por O. Bardenhewer, Friburgo, 1895 ss., fascículos que aparecem livremente, dos quais quatro a seis formam 1 volume. 4 volumes apareceram.

V. REVISTAS HISTÓRICAS E PATRÍSTICAS.

Historisches Jahrbuch, publicado em nome da Görres-Gesellschaft, por Jos. Weiss, Munique, anteriormente Münster, 1880 ss., 4 fascículos por ano, abrangendo a história profana e eclesiástica com abundantes notas bibliográficas.

Archiv für Literatur- und Kirchen-Geschichte des Mittelalters, publicado por H. Denifle e F. Ehrle, Berlim, mais tarde com o concurso da Görres-Gesellschaft, Friburgo, 1885 a 1893.

Kirchengeschichtliche Studien, publicadas por Knöpfler, Schrörs, Sdralek, Münster na Vestfália, por fascículos livres, 1899.

Forschungen zur christl. Literatur und Dogmengeschichte, publicadas por A. Ehrhard e J. P. Kirsch, Mainz, 1900.

VI. REVISTAS ARQUEOLÓGICAS.

Römische Quartalschrift für christl. Altertumskunde und für Kirchengeschichte, publicada por A. de Waal e Et. Ehses, Roma e Friburgo, 1887 ss., 4 fascículos por ano.

Zeitschrift für christl. Kunst, publicada por Schnittgen, Düsseldorf, 1888 ss.

Archiv für christl. Kunst, Stuttgart, 1883 ss.

VII. REVISTAS DE DIREITO CANÔNICO.

Archiv für kathol. Kirchenrecht mit besonderer Rücksicht auf Deutschland, Österreich-Ungarn und die Schweiz, publicado por Heiner, Mainz, 1857 ss., 6 fascículos por ano, fundado por Moy, por muito tempo redigido por Vering.

VIII. REVISTAS DE TEOLOGIA PRÁTICA.

Der katholische Seelsorger, Wissenschaftlich-praktische Monatsschrift, publicado por Heiner, Otten e Woker, Paderborn, 1889 ss., 12 fascículos por ano.

Pastor bonus, Zeitschr. für kirchl. Wissenschaft u. Praxis, publicado por P. Einig e A. Müller, Tréveris, 1889 ss., 12 fascículos por ano.

[Passauer] Theologisch-praktische Monats-Schrift. Central-Organ der kath. Geistlichkeit Bayerns, publicado por Pell e Krick, Passau, 1891 ss., 12 fascículos por ano.

Além disso, uma série de revistas diocesanas, tais como as de Colônia, Münster, Metz (Revue ecclésiastique de Metz, 1890 ss.), Estrasburgo (Ecclesiasticum Argentinense, 1888 ss., inicialmente sob o título de Bulletin ecclésiastique, 1882 ss.), etc.

IX. REVISTAS DE FILOSOFIA CRISTÃ.

Jahrbuch für Philosophie und spekulative Theologie, publicado por E. Commer, Paderborn, 1886 ss., 4 fascículos por ano.

Philosophisches Jahrbuch. Auf Veranlassung u. mit Unterstützung der Görres-Gesellschaft, publicado por C. Gutberlet, Fulda, 1888 ss., 4 fascículos por ano.

Para as revistas extintas, ver D. Gla: Systematisch geordnetes Repertorium der katholisch-theologischen Literatur seit 1700, 1 vol., Paderborn, 1895, p. 24 ss.

K. Werner, Geschichte der kathol. Theologie (in Deutschland). Seit dem Trienter Konzil bis zur Gegenwart, 2ª ed., Munique e Leipzig, 1889; do mesmo, Geschichte der apologetischen und polemischen Literatur der katholischen Kirche, 5 vol.; do mesmo, Die Scholastik des späteren Mittelalters, 3 vol., Viena, 1881-1883; Hurter, Nomenclator literarius recentioris theologiae catholicae, 2ª ed., Innsbruck, 1892-1899, 4 vol. in-8°, trabalho de imensa erudição; Kihn, Encyklopädie u. Methodologie der Theologie, Friburgo, 1892; Krieg, Encyklopädie der theologischen Wissenschaften nebst Methodenlehre, Friburgo, 1899; Scheeben, Handbuch der katholischen Dogmatik, t. I, p. 449 ss.; Heinrich, Dogmatische Theologie, 2ª ed., t. I, p. 63 ss.; Al. Schmid, Wissenschaftliche Richtungen auf dem Gebiete des Katholizismus in neuester und in gegenwärtiger Zeit, Munique, 1862; Schanz, art. Theologie no Kirchenlexikon de Wetzer e Welte, t. XI; F. X. Kraus, Über das Studium der Theologie sonst und jetzt. Rectoratsrede, Friburgo, 1890; Lexis, Die deutschen Universitäten, Berlim, 1893, t. I, p. 233-278.

E. MULLER.

III. ALEMANHA, ensino da teologia católica. — Três tipos de instituições hoje na Alemanha partilham a educação superior do clero: as faculdades de teologia, os liceus e os grandes seminários.

I. FACULDADES DE TEOLOGIA.

As faculdades de teologia anexadas às universidades do Estado, cuja origem geralmente remonta à Idade Média, são em número de sete. São elas: Bonn (fundada em 1777, reconstituída em 1818, contava, em 1899, 273 estudantes), Breslau (fundada em 1702, reconstituída em 1821; 211 estudantes), Friburgo-em-Brisgóvia (fundada em 1457; 232 estudantes), Munique (primeiro em Ingolstadt 1459, depois em Landshut 1800 e finalmente em Munique 1826: 167 estudantes), Münster, anexada à Academia (fundada em 1771; reconstituída em 1818; 326 estudantes), Tubinga (fundada em 1477, protestantizada durante a reforma, reconstituída pela translação da faculdade de Erlangen para Tubinga em 1817; 169 estudantes) e Würzburg (fundada em 1402; reconstituída em 1582; 152 estudantes).

As faculdades distinguem-se antes de tudo por um certo caráter de universalidade que lembra sua primitiva constituição. Recrutando seu corpo docente nas diferentes partes da Alemanha, são frequentadas não só pelos estudantes da diocese a que pertencem, mas também por um número mais ou menos considerável de “teólogos” de fora. Por outro lado, seu ensino, embora se conforme às necessidades do ministério pastoral a que se destinam a maioria desses estudantes, tem como objetivo especial preparar uma série de jovens para a recepção dos graus acadêmicos e para a carreira científica.

O direito de promoção ao doutorado em teologia lhes é exclusivamente reservado.

O corpo docente é composto por professores ordinários (em pleno título, formando propriamente o corpo da faculdade), de professores extraordinários e de Privatdocenten (simples agregados).

Os professores são nomeados pelo Estado com o assentimento do bispo que tem direito de veto, sobre a apresentação da faculdade que propõe uma lista de três nomes, à qual, no entanto, o governo não é estritamente obrigado a se conformar. O consentimento da faculdade é necessário para a “habilitação” de um Privatdocent cujas condições são reguladas pelos estatutos da universidade.

Cada faculdade conta no mínimo seis professores ordinários (seu número máximo não é exatamente limitado), ou seja, um professor de dogma (há vários em Breslau), um de moral, dois de Escritura sagrada (Antigo e Novo Testamento), um de história e um de direito canônico. Os outros ramos especiais, tais como a enciclopédia teológica, a patrologia, a arqueologia, são na maioria das vezes anexados a uma das cátedras principais, ou confiados, como é frequentemente o caso da apologética ou teologia fundamental, a um professor extraordinário. Münster possui, além disso, uma cátedra de economia social. A cátedra de filosofia cristã pertence ou à faculdade de filosofia, ou à de teologia.

A faculdade elege anualmente seu decano entre os professores ordinários. Cada vez que chega a vez da faculdade de teologia católica, um de seus professores ordinários é eleito reitor da universidade pelo conjunto dos professores de todas as faculdades.

O ensino completo da teologia, incluindo a filosofia, abrange geralmente três anos (triennium acadêmico, quatro anos em Tubinga), aos quais é preciso adicionar um ano ou um ano e meio de ensino prático no seminário. A universidade ou a faculdade não prescreve geralmente um programa de estudo determinado. É um ponto a ser regulado pela autoridade diocesana. Os primeiros semestres são dedicados sobretudo ao estudo da filosofia, da história eclesiástica, das ciências de introdução à Escritura sagrada e à apologética. Os diferentes cursos das outras faculdades são igualmente acessíveis aos estudantes teólogos.

Todos os cursos são ministrados em língua alemã. O mesmo ocorre na maioria dos seminários. São ou públicos (gratuitos), ou privados ou muito privados (privatissima). Os cursos principais são privados, ou seja, é preciso se inscrever e pagar a taxa normal para ter o direito de participar. Abrangem de três a cinco horas por semana. As “horas” acadêmicas são de apenas quarenta e cinco minutos, aos quais se acrescenta o “quarto de hora acadêmico” de recreação.

Nos cursos públicos, de uma ou duas horas por semana, aos quais todos têm o direito de assistir, tratam-se tanto de assuntos de interesse geral quanto de questões particulares.

O método de ensino varia conforme a individualidade do professor. A exposição se liga a um manual, a um rascunho impresso ou ditado pelo professor, ou então se abandona o cuidado de extrair a quintessência dos cursos aos próprios ouvintes. Estes geralmente tomam notas que servem para as repetições e a preparação dos exames.

Finalmente, os cursos práticos, privatissima, Seminarien, praktische Übungen, têm como objetivo especial iniciar um número restrito de estudantes mais avançados no método de trabalho científico. Não são cursos no sentido comum da palavra. O ensino neles assume uma forma mais familiar, mais conversacional e se liga a exercícios escritos ou orais sobre assuntos particulares a serem tratados pelos “membros do seminário” segundo todas as regras da investigação científica. Neles são frequentemente preparados trabalhos importantes o suficiente para serem publicados. Esses “cursos práticos” ou “seminários” ainda não adquiriram em todas as faculdades e para todos os ramos da teologia seu completo desenvolvimento. Exigem do professor, como do estudante, uma grande soma de trabalho. Mas seus resultados são dos mais felizes para o avanço das ciências sagradas e notadamente para a formação do corpo docente das escolas superiores de teologia.

A maioria das dioceses alemãs que não têm um grande seminário completo possui um internato ou convict para os estudantes de teologia da universidade, com um diretor e um “repetidor” (Repetent), encarregado de retomar com eles as matérias dos diferentes cursos. Esse sistema é sobretudo muito desenvolvido em Tubinga, onde o Wilhelmstift não conta menos de sete repetidores, dentre os quais se recrutam em parte os professores de teologia.

As relações pessoais dos professores com os estudantes, as sociedades acadêmicas de estudantes para aqueles que não fazem parte de um internato, contribuem também, por sua parte, para a formação, para a estimulação intelectual da juventude teológica. As sociedades de estudantes católicos tomaram na Alemanha uma extensão considerável, formando vastas associações, Cartelverbände, ramificando-se por todo o país. Distinguem-se as farbentragende Verbindungen (associações que usam cores), as nichtfarbentragende Vereine (associações que não usam cores). A mais forte dessas associações, o Verband der katholischen Studentenvereine Deutschlands (cf. K. Hoeber, Handbuch der kathol. Studentenvereine Deutschlands, Colônia, 1899), abrange no momento 28 sociedades, com mais de 1500 membros e cerca de 4000 ex-membros e membros honorários. Os estudantes de teologia exerceram ali desde sempre uma feliz influência. Seu número é mais restrito desde a reabertura dos convicts e dos seminários após o Kulturkampf. A sociedade Unitas, fundada especialmente para teólogos, abrange no momento sete coetus, dos quais apenas um, Münster, conservou o caráter puramente teológico. Nela se realiza semanalmente uma sessão científica com conferência e discussão. A Unitas conta, além de 200 membros acadêmicos, mil ex-membros (alte Herren), que permanecem filiados à sociedade.

O controle do trabalho individual dos estudantes é feito pelos exames semestrais ou anuais, exigidos pelas autoridades diocesanas e realizados junto a cada professor em particular.

Terminado o triennium, um exame geral escrito e oral abrangendo as diferentes ramificações do ensino teológico, realizado perante um júri episcopal, abre o acesso ao grande seminário (examen pro introitu).

Somente após a recepção das santas ordens os aspirantes ao doutorado em teologia vêm retomar seus lugares nos bancos da universidade para se preparar para a promoção. Não se conferem mais os graus de bacharel e de licenciado. O doutorado é obtido após a apresentação de uma tese apta a ser publicada, um tentamen escrito, que não é exigido em toda parte, um exame oral (rigorosum) abrangendo todas as ramificações da teologia (incluindo em Würzburg quatro línguas orientais: o hebraico, o caldeu, o siríaco e o árabe) e uma disputa pública. Esta última, no entanto, nem sempre é obrigatória.

Confere-se às vezes o doutorado honoris causa a personalidades de alto escalão ou que se distinguiram por seus trabalhos científicos.

II. LICEUS.

Ao lado das faculdades de teologia há outro tipo de instituições destinado a dar ao futuro clero a educação científica; são os liceus. Eles são sobretudo próprios à Baviera, que conta com seis, dos quais cinco liceus reais, os de Bamberg, Dillingen, Freising, Passau e Ratisbona, colocados sob a jurisdição do Estado que nomeia os professores com o assentimento do bispo, e um liceu episcopal, o de Eichstätt. Eles se compõem todos de uma seção filosófica abrangendo o ensino das ciências, das letras e da filosofia, e da qual a metade dos professores é geralmente leiga, e de uma seção teológica.

Cada uma conta de quatro a seis professores. Os liceus têm um caráter mais local que as faculdades e as universidades. A teologia é ali seriamente tratada; mas não se conferem os graus acadêmicos.

A Prússia possui um liceu, o de Braunsberg (Lyceum Hosianum, fundado em 1568 pelo cardeal Hosius, reconstituído em 1818). Pode-se, além disso, assimilar a este tipo de instituição a faculdade episcopal filosófico-teológica de Paderborn, que sucedeu juridicamente à antiga universidade desta cidade.

III. GRANDES SEMINÁRIOS.

Os grandes seminários (Priesterseminarien, Klerikalseminarien) são estabelecimentos puramente eclesiásticos e diocesanos. Os professores são nomeados pelo bispo.

Um certo número de dioceses possui um grande seminário completo, do mesmo tipo que os seminários franceses, dando ao mesmo tempo a educação científica (teórica) e a educação prática (formação ascética, preparação imediata e prática para a recepção das santas ordens e para o ministério pastoral). O ensino teológico, conforme, em suas grandes linhas, ao das faculdades, abrange um período de quatro ou cinco anos. Tais são os seminários de Fulda, Mainz, Metz, Pelplin, Estrasburgo e Tréveris.

Em Gnesen-Posen, o “seminário teórico” (instituição filosófico-teológica com internato) é separado do “seminário prático”. O primeiro se encontra em Posen, o segundo em Gnesen.

Finalmente, os seminários práticos (praktische Seminarien, Alumnate), reunidos com o Convict que recebe os estudantes da faculdade ou do liceu em Bamberg, Braunsberg, Dillingen, Eichstätt, Freising (Munique), Passau, Ratisbona e Würzburg, formam uma instituição completamente separada em Breslau, Colônia, Gnesen, Hildesheim, Limburg, Münster, Osnabrück, Paderborn, Rottenburg, Espira e Saint-Pierre (Friburgo-em-Brisgóvia). À frente deles encontram-se geralmente um regente, um sub-regente e, por vezes, como em Colônia, Hildesheim e Saint-Pierre, um ou outro professor ou repetidor encarregados dos cursos.

A permanência dos estudantes é de um ano ou um ano e meio. Recebem ali as santas ordens e a formação prática para o ministério.

A questão da educação do clero tem sido muito discutida na Alemanha nos últimos tempos. Foi tratada, entre outros, por J. M. Sailer, Gesammelte Schriften, Sulzbach, 1839, t. XIX, XX; A. Theiner, Geschichte der geistlichen Bildungsanstalten, Mainz, 1835, uma obra de juventude que deixa muito a desejar do ponto de vista crítico; F. J. Buss, Die nothwendige Reform des Unterrichts und der Erziehung der katholischen Weltgeistlichkeit Deutschlands, Schaffhausen, 1852; J. Hergenröther, Universität- und Seminarbildung der Geistlichen, Würzburg, 1869, t. I, p. 438 ss; Irenäus Themistor (pseudônimo), Die Bildung und Erziehung der Geistlichen nach katholischen Grundsätzen und nach den Maigesetzen, Colônia, 1884; do mesmo, Friedemanns Vorschläge zur Bildung und Erziehung der Geistlichen, Tréveris, 1884; Justinus Friedemann (pseudônimo), Die Bildung und Erziehung der Geistlichen. Bemerkungen. Aus Anlass der gleichnamigen Schrift des Irenäus Themistor, Aachen, 1884; F. Hettinger, Deutsche Universitäten und französische Seminarien, em Historisch-politische Blätter, ano 1837, t. I, p. 573 ss., cf. Literarische Rundschau, 1881, n. 1; do mesmo, o Thimotheus, citado acima no § Enciclopédia, Kraus, Über das Studium der Theologie sonst und jetzt, 2ª ed., Friburgo, 1890; Kihn, Encyclopädie und Methodologie der Theologie, Friburgo, 1892, p. 67 ss.; Theologische Facultät und Clericalseminar, em Wissenschaftliche Beilage zur Germania, 1900, n. 6-9, p. 44 ss.; L. v. Hammerstein, Gedanken über die Vorbildung der Priester in Seminarien und auf Universitäten, em Stimmen aus Maria-Laach, 1900, p. 256-271. Cf. a crítica de Academicus na Literarische Beilage, der Kölnischen Volkszeitung, 1900, n. 414, p. 105 ss.

Os artigos Seminar no Kirchenlexikon, Friburgo, 1899, t. IX, col. 101 ss., e Seminarien no Staatslexikon, Friburgo, 1877, t. V, col. 29 ss.

E. MULLER.